Por Carlos Chagas  

Quando o Lula declara não poder dizer se será ou não candidato à presidência da República, em 2018, na realidade está dizendo que hoje, não seria. Amanhã, só se o vento virar. O ex-presidente tem consciência de que o PT, Dilma, e ele próprio perderam a confiança nacional. Fossem as eleições na próxima semana e nem o segundo lugar Lula conquistaria, tamanha a rejeição popular causada pela lambança encenada no governo. Lançar-se para perder, o primeiro-companheiro não admite.

Prefere ficar entre o triplex quase pronto no Guarujá, o sítio que frequenta bissextamente e uma ou outra viagem ao exterior que as empreiteiras se arrisquem a proporcionar-lhe. Aceitará convites de sindicatos e associações ligadas ao PT para sinalizar que está vivo, mas concorrer outra vez parece por enquanto fora de seus planos. Mesmo mantendo aberta uma fresta de janela, não arriscará. Três anos e picos são muito tempo.

Se porventura afastada a hipótese de o ex-presidente concorrer, obviamente para não perder, importa menos saber quem o PT convocará para o sacrifício, se Jacques Wagner, Aloysio Mercadante, Rui Falcão ou qualquer outro condenado ao papel de figurante. É para o lado de lá que as atenções devem voltar-se. Aécio Neves, Geraldo Alckmin ou José Serra compõem um elenco sem surpresas, ainda que preparando-se para embates violentos entre eles. Correndo por fora, Marina Silva e, outra vez posicionado, Ciro Gomes.

Do lado oposto da cerca, Joaquim Barbosa, Sergio Moro, Rodrigo Janot e que novos modelos pouco ortodoxos poderiam ser pinçados?

NÃO HÁ MENSAGENS

De todo esse raciocínio sem maior expressão, conclui-se pela ausência de um candidato capaz de despertar esperanças e expectativas, por razão muito simples: nenhum dos nomes referidos, a começar pelo Lula, dispõe de mensagem, programa ou contingente organizado capaz de empolgar os eleitores. Nada de novo no front, além de velhas trincheiras cavadas em árido terreno. Partidos capengas e carentes de personalidade misturam-se sem ensejar à sociedade um rumo alternativo. Nada que empolgue ou aponte um saída para a amorfa, insossa e inodora realidade. Equivalem-se os candidatos pela falta de opções. Ao eleitor, ao menos por enquanto, resta dar um pelo outro e não querer volta.