Por Carlos Chagas

Conseguirão o PT, Lula, Dilma e o governo aguentar investigações, devassas e acusações em ritmo crescente, movidos pelo Ministério Público, a Polícia Federal e o Judiciário? Sem falar na mídia, implacável tambor de ressonância responsável pela queda da popularidade dos detentores do poder.

No PT, arrancam o cabelo os que ainda não são carecas. A previsão no alto comando dos companheiros aponta para completa derrota do partido, nas eleições municipais de outubro. De 2018 nem se fala, continuando as coisas como vão. Pesquisas sigilosas chegam ao palácio do Planalto dando conta de monumental queda nas representações petistas de vereadores e prefeitos. E numa projeção mais ampla, da débâcle programada para daqui a três anos quando da escolha do novo presidente da República, dos governadores e das bancadas no Congresso e nas Assembleias estaduais.

Fazer o quê, para virar o jogo? Não dá para censurar a imprensa nem para imobilizar os tribunais. Muito menos para reconquistar a popularidade perdida, se as denúncias seguem seu curso, com evidências cada vez maiores de envolvimento dos principais dirigentes, em sucessivos episódios de corrupção ostensiva. O empresariado salta de banda, engrossando a oposição, por sinal sem necessidade de esforçar-se muito.

CULPA DO LULA

Já o Lula come o pão que o diabo amassou, certamente por culpa dele mesmo. Antes ocupando a certeza de poder voltar e estender por mais dois mandatos a permanência dos companheiros no poder, a legenda nem certeza terá de disputar o segundo turno, na luta pelo comando da República. Também, ficaria sem sustentação no futuro Congresso e na quase totalidade dos governos estaduais. A pergunta é se o ex-presidente correrá o risco de disputar sem chance de vitória. Só que, não se apresentando, deixará o PT em piores condições ainda, obrigado a lançar um inexpressivo sem nome ou correr atrás da aventura de Ciro Gomes ou outro aliado inconfiável.

Quanto à presidente Dilma, o máximo que consegue é comandar uma orquestra de panelas e caçarolas. Há pelo menos dois anos que a crise econômica se havia instalado e nenhuma providência eficaz foi adotada. Madame trocou ministros em profusão e agora se obriga a ouvir conselhos de Delfim Netto, na contramão dos postulados que o PT abandonou. Nenhum plano apresentou até agora para debelar o desemprego em massa, a alta de impostos, taxas e tarifas, mais a elevação vertiginosa do custo de vida.

NÃO HÁ GOVERNO

O governo, como um todo, é uma lástima. Mergulha nas profundezas, sem escapar de denúncias de corrupção, sofre derrotas no Congresso, perdeu a oportunidade de formar maioria sólida e nem consegue livrar-se de adversários como o presidente da Câmara. A presidente continua temerosa do processo de impeachment e faz tempo que não arrisca comparecer a uma reunião popular aberta. Medita sobre se estará presente na solenidade de abertura das Olimpíadas. Continua grosseira no trato com ministros e auxiliares.

Em suma, desmancham-se as principais figuras responsáveis pela condução do país, ainda por cima às voltas com diabólicos mosquitos que a saúde pública não consegue evitar.