Os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato decidiram endurecer com Marcelo Odebrecht. Eles receberam nesta semana a visita de representantes do empreiteiro, que está preso há mais de seis meses e estuda aderir à delação premiada. Demonstraram que a negociação para um acordo será dura. Procuradores tentaram mostrar que já têm fartas provas contra o empresário, além da vantagem, na negociação, de Odebrecht já estar inclusive condenado em um dos processos.

A delação premiada da secretária da Odebrecht Maria Lúcia Tavares é outro trunfo da força-tarefa. Ela é apontada como a pessoa que fez pagamentos de propinas e de caixa dois para a empreiteira por vários anos. Com as informações dadas por Maria Lúcia, tidas como “bombásticas”, os procuradores poderiam avançar nas investigações sem a ajuda do dono da empresa. A possibilidade de Mônica Moura, mulher de João Santana, marqueteiro do PT e de Dilma Rousseff, fechar delação premiada também daria força aos investigadores.

Apesar da pressão, os procuradores entendem que Marcelo Odebrecht é um dos maiores arquivos vivos do país e detentor de informações que poderiam levar a Lava Jato a um patamar até hoje não atingido. Odebrecht há tempos estuda aderir à delação premiada. Uma das estratégias discutidas na empresa é a de que ele seja cirúrgico, delatando poucos, mas relevantes, personagens da política brasileira. Contribuições eleitorais feitas para a campanha de Dilma Rousseff e de Michel Temer devem ser detalhadas.

Com Marcelo Odebrecht se preservando o máximo possível, caberia a outros executivos da empreiteira, também presos, abastecer a Operação Lava Jato com fartas informações.

Fonte: Mônica Bergamo / Folha de S.Paulo