Em um depoimento de quase quatro horas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou responder a perguntas sobre o tríplex do Guarujá e disse desconhecer informações básicas sobre a operação do Instituto Lula. Mas o interrogatório não foi considerado inútil para as investigações. Isso porque Lula admitiu que amigos compraram o sítio de Atibaia para que ele pudesse “descansar” e “guardar as tralhas de Brasília”. Ele também indicou que sabia da recente transferência de material, retirado do Palácio do Planalto, para o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A transcrição do depoimento foi anexada nesta segunda-feira em procedimento investigatório contra Lula na 13ª Vara Federal do Paraná.

Um dos trechos que animou os investigadores foi quando Lula admitiu que sabia da entrega de objetos do acervo presidencial ao Sindicato dos Metalúrgicos. A construtora OAS gastou pouco mais de R$ 1,2 milhão para armazenar 10 contêineres do ex-presidente em depósitos da Granero. O material foi resguardado da saída do Palácio do Planalto até 12 de janeiro deste ano, quando Paulo Okamotto, diretor-executivo do Instituto Lula, deu procuração a subordinados para que acertassem com a Granero a transferência do acervo para um galpão do Sindicato dos Metalúrgicos no ABC e outro local. Ao admitir que sabia do destino do acervo, Lula não pode alegar que Okamotto agiu à revelia. O Ministério Público e a Polícia Federal avaliam que o patrocínio da OAS foi uma “vantagem indevida”, garantida mesmo depois da deflagração da Operação Lava Jato, e o depoimento pode complicar ainda mais a situação do ex-presidente.

Sérgio Moro vai decidir sobre prisão contra Lula.

A juíza Maria Priscilla Ernandes Veiga Oliveira, da 4ª Vara Criminal Central de São Paulo, decidiu encaminhar para a 13ª Vara Federal de Curitiba a denúncia e o pedido de prisão preventiva contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, proposto pelo Ministério Público de São Paulo.

A juíza abriu mão do direito de decisão neste processo por entender que, “como é público e notório, tramita perante aquela vara os processos da chamada ‘Operação Lava-Jato’”, que investiga crimes envolvendo empreiteiras acusadas de pagar propina em contratos da Petrobras.

Depois que receber o processo, o juiz Sérgio Moro deverá encaminhar a denúncia ao Ministério Público Federal em Curitiba, que poderá ratificar ou não o pedido feito pelos promotores paulistas. Segundo fontes que acompanham de perto a investigação ouvidas pelo GLOBO, o mais provável é que apresentem outra denúncia, utilizando apenas os fatos que forem complementares à investigação da força tarefa da Lava-Jato. ( Isto é)

 

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