Veja: Por: Laryssa Borges, Felipe Frazão e Marcela Mattos

 Na tarde deste domingo, a Câmara dos Deputados decidirá sobre o prosseguimento do impeachment de Dilma Rousseff, a quarta presidente eleita desde a redemocratização do país e a segunda, depois de Fernando Collor de Mello, que pode deixar a cadeira antes do término de seu mandato, na jovem e inquieta democracia brasileira. Um parlamentar de Roraima será o primeiro a votar. Trata-se do deputado federal Abel Mesquita Junior, o Abel Galinha, filiado ao Partido Democratas e eleito com menos de 10.000 votos. Dono de uma rede de postos de gasolina em Roraima, o deputado de primeiro mandato ri nervoso ao se ver cercado pela imprensa. “Era para começar do Sul, mas mudou. Eu vou dar o primeiro voto, né? Mas vai ser rapidinho, quero só dar um recado para o meu povo”, diz ele ao site de VEJA.

Ao longo da semana que passou, o governo lançou mão de todas as armas disponíveis para enterrar o impeachment na Câmara dos Deputados. Dos discursos que qualificavam de golpe a investida contra o mandato da presidente à frenética oferta de cargos na máquina federal, como forma de cooptar apoios entre os parlamentares, nenhuma estratégia foi julgada indigna ou deixada de lado. Dilma precisa de 172 votos para barrar o impeachment. Para que o processo continue, 342 deputados devem votar pelo sim.

DISPUTA

É hoje. O Palácio do Planalto de Dilma enfrenta o Palácio do Jaburu cujo soberano é Michel Temer, pela presidência da República. É um enfrentamento meio estranho, primeiro, porque disputa de presidência travada a partir de Palácios é quase uma contradição em termos. Vamos juntar o crucifixo do Aleijadinho? Vamos juntar as obras do Athos Bulcão ? E vamos lutar por eles? Não é o caso. O segundo motivo é que tem gente achando que vai ter guerra mesmo. Que no momento em que estiver todo mundo na rua, aplaudindo ou condenando o impeachment, muita gente irá para a briga também. Pois pode tirar o cavalinho da rua. Tanto a polícia de Brasília quanto a de São Paulo, que são as mais fortes, já determinaram as distâncias e os produtos que podem ou não aparecer numa manifestação. Por exemplo, se alguém aparecer lá com uma foice, ou com um facão, ele não vai entrar na briga não, por mais que pense que vá. A coisa vai correr tranquilamente.