Via Portal  UOL

 

No dia da transferência de presos em Alcaçuz, presídio onde houve rebelião com 26 mortos no último final de semana, quatro veículos – três ônibus e um carro – foram incendiados, na tarde de hoje, em Natal. Devido à insegurança, o Sindicato dos Trabalhadores e Transportadores Rodoviários do Rio Grande do Norte orientou que os motoristas encerrem as viagens e recolham os ônibus para as garagens. A partir das 18h (horário local) não haverá mais transporte rodoviário em Natal e cidades da região metropolitana, como São Gonçalo do Amarante, Parmamirim e Nísia Floresta. A STTU (Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana) de Natal liberou táxis e vans para o transporte de passageiros durante o período que os ônibus não circularem na capital e região metropolitana.

Três ônibus foram incendiados. Um deles na avenida 25 de Setembro, na praia do Meio, totalmente destruído pelo fogo. O outro ônibus foi incendiado na avenida Maranguape. O veículo foi atacado no terminal de ônibus da linha 5. Um terceiro ônibus foi incendiado no conjunto Vale Dourado, em Brasília Teimosa, zona norte de natal. Em todos os ataques, ninguém ficou ferido e nenhum dos passageiros ou dos rodoviários teve pertences roubados. O dinheiro do caixa dos ônibus também não foi levado.

Após o segundo ônibus incendiado, o Seturn (Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Natal) informou que, se os ataques seguirem e não houver segurança, iriam retirar os veículos de circulação. Porém, o Sindicato dos Trabalhadores e Transportadores Rodoviários se antecipou e orientou que os trabalhadores retornassem com os ônibus às garagens. O diretor de comunicação do Sindicato dos Rodoviários de Natal, Harley Davidson de Andrade Amaral, informou que 90% da frota de ônibus já estava nas garagens até às 17h30 e às 18h a cidade ficará sem ônibus.

“Em todos os ataques, os criminosos invadem os ônibus tocando terror e ordenaram que trabalhadores e passageiros descessem, mas não há garantia que esses ataques ocorram com mais frequência à noite e alguém possa se ferir. Já pedimos apoio da polícia para que os ônibus voltem a circular, mas sem essa garantia nenhum trabalhador vai sair com ônibus das garagens amanhã. Hoje Natal ficará sem ônibus”, informou Amaral.

Um ônibus que estava circulando na avenida Dr. João Medeiros Filho, na zona norte, ia sofrendo um ataque de criminosos, mas a tentativa foi frustrada pela polícia. O veículo estava sendo escoltado pela PM e foi abordado por três criminosos, por volta das 18h (horário local), mas eles conseguiram fugiram sem atear fogo. O veículo transportava cerca de 50 passageiros e ninguém se feriu. No bairro de Mãe Luiza, um carro a serviço do governo do Estado também foi parcialmente destruído por um incêndio. Uma pedra também foi arremessada e danificou o parabrisa do carro. A rua onde ocorreu o atentado também foi fechada.

A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social confirmou os atentados e disse que investiga os casos. A polícia ainda busca suspeitos, e ninguém foi preso até o momento. ” A Polícia Militar e o Setor da Inteligência estão trabalhando em conjunto para debelar possíveis movimentações externas ao sistema penitenciário”, diz nota da secretaria. Por conta dos atentados, o trânsito na cidade está complicado em vários pontos de Natal. Agentes estão orientando motoristas.

Atualmente, a frota de ônibus em Natal é composta por 715 veículos e o sistema transporta 370 mil passageiros por dia, segundo dados do Seturn. Em agosto do passado, a série de atentados criminosos que ocorreram a mando de facções criminosas no Estado gerou prejuízo de R$ 4 milhões para o setor de transporte em Natal. Na época, 32 ônibus e micro-ônibus foram incendiados em todo o Estado.

Segundo o secretário de Segurança Pública do Estado, Caio Bezerra, a polícia investiga a ligação entre os ataques aos ônibus e a transferência de presos de Alcaçuz. “Nós estamos investigando [esse ataque]. Algumas pessoas já foram identificadas. Um dos casos não tem vinculação com a transferência [dos presos], mas, no caso dos ônibus, provavelmente há algum tipo de situação vinculada às transferências.”