Por Simone Iglesias / O Globo

Em conversa com O Globo, na tarde desta segunda-feira, o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) disse que só falará sobre citações de que recebeu recursos de caixa 2 no âmbito da Operação Lava-Jato “quando e se” for chamado pela Justiça para se defender e prestar esclarecimentos. De volta a Brasília depois de 13 dias de licença médica, por ter se submetido a uma cirurgia para a retirada da próstata, o peemedebista afirmou que não fará declarações baseadas em um “delator”, em referência a José Yunes, advogado e amigo do presidente Michel Temer.

“Só vou falar quando e se eu for chamado para depor, num eventual depoimento. Não vou falar sobre o que não existe. Citação não é motivo para nada” — disse Padilha.

O ministro reforçou que Temer já definiu o posicionamento do governo quanto aos integrantes do governo envolvidos na Lava-Jato. Lembrou que os investigados se afastarão temporariamente e os que se tornarem réus serão demitidos. Padilha observou que seu caso não se aplica a nenhuma das linhas de corte.

A pessoas próximas, Padilha criticou pressões internas e externas que Temer recebeu para nomear um substituto na Casa Civil enquanto se recuperava da cirurgia. Na leitura do ministro, o fato de o presidente não atender a pedidos feitos dentro do Palácio do Planalto e por congressistas, foi um sinal claro de confiança.

Mais cedo, o ministro disse que continuaria em silêncio sobre a acusação feita contra ele pelo advogado José Yunes. “Não vou falar sobre o que não existe. Está tudo baseado num delator. Qualquer fala agora vai ser prejudicial à investigação e a mim”.

PT QUER EXPLICAÇÕES – O líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (PT-SP), cobrou explicações do ministro Eliseu Padilha. Para o petista, ele não poderia ter voltado ao cargo sem antes esclarecer as denúncias de que foi alvo.

“Existem inúmeras citações ao ministro Padilha. Nós achamos que não é recomendável ele continuar no cargo com tantos elementos de recebimento de recursos que não foram esclarecidos. É necessário que haja esclarecimentos”,  afirmou.

No primeiro dia de trabalho na volta da licença, Padilha disse que sentia dores, comparando o corte a que foi submetido a uma espécie de cesárea. Com adicional, disse, contando que além do abdômen, a bexiga foi cortada para a retirada da próstata. (Colaboração Júnia Gama)