Por Antônio Temóteo / Correio Braziliense

A candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto em 2018 seria um desserviço ao Brasil, na opinião do ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT). Também pré-candidato à presidência da República, Gomes avaliou que o país precisa “desesperadamente” discutir o futuro e Lula, ao participar do processo eleitoral já tendo sido condenado, polarizaria o debate.

O político cearense, que foi um dos palestrantes do Encontro Nacional de Estudantes de Economia (Eneco) realizado em Goiânia (GO), ressaltou que o país precisa de profundas mudanças. “O grupo dele acha que há um golpe e que ele é perseguido pela Justiça. O outro lado acha que a pena imposta foi pequena. Com isso, você não terá um debate sobre as condições de saúde, educação e violência que inferniza a sociedade brasileira. Será amor e ódio ao Lula”, ressaltou.

HADDAD NA CHAPA – Apesar das críticas ao petista, ele não vê problemas em ter o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT-SP) como eventual vice-presidente em sua chapa presidencial. “O PT é o que todos os partidos são. Tem coisas boas e ruins. Não é partido que está condenado. Não pretendo ser ditador do Brasil. Se um dia for candidato a presidente eu quero presidir o país. E quero fazê-lo em diálogo com todas as forças organizadas do país. E o PT é uma força organizada importante”, destacou.

Apesar disso, o pedetista avaliou que construir uma grande coalização de esquerda seria pouco para transformar o Brasil. Conforme Gomes, é necessária uma coalização de centro-esquerda. “Basicamente, meu projeto fala para quem produz e para quem trabalha. E acho que é possível construir um grande consenso nacional, pragmático em relação a isso”, comentou.

DAR UM TEMPO – “Está na hora de o PT, do PSDB  e do PMDB darem um tempo. Esses partidos precisam sair um pouco de cena e deixar o país experimentar outro projeto”, disse.

Apesar de estar disposto a dialogar com diversas siglas, Gomes decretou que não dividiria o palanque com o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), por exemplo. “Em hipótese alguma isso aconteceria. Ele votou em mim para presidente da República, mas o que ele representa hoje é uma coisa absolutamente intolerável para um país como o nosso, em que o povo está tão exasperado e machucado”, acentou.