Por Josias de Souza

O depoimento de Antonio Palocci a Sergio Moro marcou o início de uma nova fase do PT. Foi deflagrada a etapa da antropofagia dos petistas. Pode demorar um pouco. Mas eles vão se comer uns aos outros. E a verdade, que já foi esfregada na cara de todos pelas descobertas da Lava Jato, prevalecerá sobre a ficção que o PT criou para si mesmo. Palocci ambiciona um acordo de delação. Mas a força-tarefa de Curitiba dá de ombros.

O marquês do PT é um candidato a colaborador tardio. Seu depoimento estarrece pela confirmação dos podres. Mas não traz novidades. O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que integra a força-tarefa da Lava Jato, disse que Palocci está longe de ser admitido como delator. O que inquieta o PT é a sensação de que Palocci terá de se aprofundar nas podridões para se credenciar às recompensas judiciais.

A essa altura, a Lava Jato já pode se dar ao luxo de de dispensar confissões rasas. Palocci comeu o resto de pretensão presidencial que havia em Lula, aproximando-o da cadeia e de uma segunda condenação criminal. E mastigou o que restava da imagem de Dilma. Madame já começa a falar numa candidatura ao Legislativo. Ambiciona não o mandato, mas o foro privilegiado. Dilma sofre de morofobia. O que inquieta o PT não é o que Palocci já disse, mas o que ainda pode revelar no seu processo de conversão em antropófago companheiro