Via O Globo

O presidente Michel Temer divulgou uma nota, nesta sexta-feira, para responder aos novos áudios do empresário Joesley Batista, dono da JBS, recuperados pela Polícia Federal e obtidos pela revista Veja. No documento, o presidente afirma que as acusações feitas pelos delatores contra ele são uma “grande armação” de “meliantes” que, de maneira “sórdida e torpe”, tentam desestabilizar o seu governo. O presidente também acusa membros do Ministério Público Federal (MPF) de atuarem como “integrantes da santa inquisição”.

“A cada nova revelação das gravações acidentais dos delatores da JBS, demonstra-se cabalmente a grande armação urdida desde 17 de maio contra o presidente Michel Temer. De forma sórdida e torpe, um grupo de meliantes aliou-se a autoridades federais para atacar a honradez e dignidade pessoal do presidente, instabilizar o governo e tentar paralisar o processo de recuperação da economia do país”, ataca o presidente.

Na nota, Temer cita trechos dos áudios recuperados pela revista para questionar a credibilidade dos delatores da JBS – além de Joesley, também de Ricardo Saud – e reitera ter sido alvo de “conspiração”. Uma das falas de Saud, segundo o presidente, deixa claro que integrantes do MPF “ficaram decepcionados” com o conteúdo da gravação existente, na qual Saud conversaria com a advogada Fernanda Tórtima, que participou do acordo de delação premiada de executivos da JBS.

“Agora, descobre-se que integrantes do Ministério Público Federal ficaram decepcionados com a gravação que usaram para embasar a primeira denúncia contra o presidente. ‘Eu acho, Fernanda, que precisam construir melhor a história do Temer. Não ficou muito claro. Eu acho que quando ouviram o Temer não gostaram muito. Tinham uma expectativa maior'”, cita a nota.

O presidente também voltou a atacar diretamente o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e diz que os próprios delatores revelam, nas conversas, as “ambições de comandar o país” que teria Janot, responsável por denunciar Temer duas vezes. No documento, o presidente pede que sejam investigados os fatos presentes nos novos áudios e que os responsáveis sejam punidos.

“Não se pode mais tolerar que investigadores atuem como integrantes da santa inquisição, acusando sem provas e permitindo a delatores usarem mecanismos da lei para fugir de seus crimes. Cabe agora, diante de tão grave revelação, ampla investigação para apurar esses fatos absurdos e a responsabilização de todos os envolvidos, em todas as esferas”.

NOTA CITA PALAVRÃO

Para atacar os delatores e uma suposta atuação passional por parte do MPF, Temer reproduz até um palavrão contido em um dos áudios, onde o advogado Francisco de Assis, do grupo J&F, teria dito que “eles querem foder o PMDB”, sem saber que estava sendo gravado por Joesley. Temer reafirma que houve um “planejamento de ação controlada” que a JBS teria tentado fazer contra ele.

“As acusações caem uma após a outra, revelando a verdade da conspiração que foi construída durante meses. “Eles querem foder o PMDB”, sentencia o advogado Francisco de Assis, sem saber que está sendo grampeado por Joesley Batista”, diz a nota.