Por Carlos Newton

Está chegando a hora da verdade, com a definição dos candidatos à Presidência da República diante da inexorabilidade da impugnação de Lula da Silva, que é apenas uma questão de tempo. Para muitos pretendentes, mais do que nunca é importante ter espaço na televisão, porque a maior parte do tempo estará reservada para PT, PMDB e PSDB, e isso faz com que os candidatos lutem desesperadamente por coalizões, caso contrário podem ter o mesmo espaço destinado ao célebre deputado federal Enéas Carneiro, criador do Prona, ou até menos, como é o caso de Jair Bolsonaro e Marina Silva, que estão em segundo e terceiro lugares em todas as pesquisas.

Em 1989, Enéas tinha 15 segundos a cada bloco. Projeção da Folha de S. Paulo para o tempo a ser distribuído entre os candidatos em 2018 mostra Marina com 12,8 segundos e Bolsonaro com 10 segundos em cada bloco – um à tarde e outro à noite, nas terças, quintas e sábados dos 37 dias que antecedem o 1º turno. É desanimador.

COALIZÕES– A necessidade de fazer alianças eleitorais com outras legendas atinge todos os candidatos, indistintamente. O presidente do PDT, Carlos Lupi, busca aliados para Ciro Gomes (CE), que deve ter 34 segundos a cada bloco. Os maiores tempos de TV são do PT, com 1min35,7s em cada bloco, do PMDB, com 1min25,5s e do PSDB, que tem 1min18,5s. Mas todos querem mais…

Essas coligações só vão mesmo se concretizar no decorrer de 2018, mais próximo ao registro das candidaturas, que começa e termina em agosto. Até lá, será uma guerra de bastidores, em que vai rolar muita conversa e… muito dinheiro, porque é assim que funciona.

SEM LULA – A mais do que provável impugnação da candidatura de Lula, que já tinha passagem comprada para o segundo turno, muda inteiramente o quadro e abre uma enorme possibilidade para um suposto concorrente que ainda nem decidiu se vai ou não se candidatar. Trata-se de Joaquim Barbosa, ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal.

Conforme assinalou aqui na “Tribuna da Internet” o jornalista e advogado José Carlos Werneck, a candidatura de Barbosa já era viável desde 2014, mas naquela altura dos acontecimentos a Lava Jato ainda não havia avançado muito nas investigações específicas sobre Lula, que tinha muita força e conseguiu reeleger Dilma Rousseff.

Mas agora o quadro muda inteiramente de figura. Quatro anos depois, Joaquim Barbosa pode ser um candidato fortíssimo, porque está destinado a herdar considerável parcela dos votos que iriam para Lula, mesmo que o PT não apoie a candidatura do ex-presidente do STF.

HUCK E LULA – Barbosa pode se lançar pelo PSB, em coligação com o PPS, que ficou sem candidato desde a desistência de Luciano Huck e não está aceitando a autocandidatura do senador Cristovam Buarque.

Segundo o IBGE, os negros (pretos e pardos) compõem a maioria da população brasileira, representando quase 54% da população. Embora haja quem diga que Nilo Peçanha foi o primeiro presidente negro do Brasil, não é bem assim. Ele era mulato de pele clara. Mas o ministro aposentado Joaquim Barbosa é raça pura. E isso vai valer muito na próxima eleição, se os dirigentes do PSB conseguirem convencê-lo a sair candidato.