Em um mundo cada vez mais conectado e vigiado, o que comunicamos em mídias sociais deixou de ser preocupação apenas de personalidades públicas para exigir a atenção de profissionais de todas as áreas, dos mais diversos ramos de atividade. Com as redes digitais, cada pessoa passou a produzir conteúdo de divulgação do que faz, pensa e gosta, e, na maioria das vezes, não há como limitar compartilhamentos, impressão e reprodução. E a atenção e cuidado com esse conteúdo é fundamental para a construção da imagem pública e profissional que cada um de nós deseja para se posicionar no mercado.

Um dos primeiros aspectos que mostra como há necessidade de dar atenção à forma como nos comunicamos é constatar que hoje praticamente não existe mais privacidade. O que colocamos nas redes, seja em conversas em grupos, comentários em mídias sociais, postagens, fotos, passou a ter um alcance quase ilimitado.

Você tem refletido, por exemplo, sobre a quantidade de informações de sua vida pessoal que está à disposição de pessoas desconhecidas no Facebook, no Instagram? Qual o grau de intimidade, de confiança, que você tem com as pessoas que lhe seguem? Confia nelas como seus amigos? Gostaria que soubessem, por exemplo, aonde você mora? Quando a gente pensa nisso, percebe o quanto vulnerável pode ser o universo das mídias.

Mas o risco não está apenas na exposição de informações pessoais, mas também dos pensamentos. Comentários que escrevemos ou gravamos em um grupo de WhatsApp podem ter um efeito imprevisto se reproduzidos fora do contexto. É importante, portanto, uma reflexão antes de entrar em questões polêmicas. Vale se perguntar: será que uma simples opinião pode prejudicar pessoalmente ou profissionalmente alguém caso seja repassada a diante? Qual imagem pessoal minha está sendo construída nas postagens, comentários e nos meus posicionamentos nas redes?

As pessoas esquecem, a internet não!

É comum que as pessoas tratem os grupos e a internet como um local de desabafo e exposição de pensamentos, fazendo uma comparação com uma mesa de bar, onde de forma descontraída, se conversa sobre a vida, própria e dos outros, entre um copo e outro de cerveja.

Porém há um detalhe importante a se observar: “as pessoas esquecem, a internet não!” A frase foi dita pelo professor, mestre em comunicação e especialista em gestão de Comunicação de Crises João José Forni, quando esteve recentemente em Natal ministrando curso a respeito. O professor, do alto de sua experiência em gestão de crises de imagem, cunhou uma frase que diz muito a quem deseja construir uma imagem pessoal e profissional nas redes. A internet cria registros de cada texto, de cada foto postada, que podem vir à tona dias, semanas e até anos depois, gerando cobranças ou conflito de posicionamento.

Certamente, com a chegada do período eleitoral, teremos exemplos dessa afirmação: os candidatos em todo o Brasil serão duramente cobrados por cada palavra, cada promessa ou opinião emitida nas redes. Tanto em programas de televisão quanto nas próprias mídias. Vamos aguardar e, invariavelmente, assistir a esse embate – que já deve estar sendo minuciosamente programado por especialistas.

Por tudo isso, antes de postar, é importante refletir: para quem você está falando? É mesmo necessário discutir esse assunto? Essa opinião ou posicionamento pode lhe causar prejuízo de imagem – seja pessoal ou profissional?

A gestão consciente, atenta e até profissional nas redes digitais é decisiva para a construirmos imagens e reputação positivas e para evitarmos os “escorregões” que a internet não esquecerá. É importante desconfiar de quem gere mídias sociais apenas contando número de seguidores. Engajamento envolve opinião e posicionamentos certos na hora certa. Medir o peso de cada palavra compartilhada pode evitar também problemas pessoais, mágoas e desgastes. Ou seja, refletir antes de postar para que a postagem não se reflita em arrependimentos. Esse é o desafio.

Por Juliska Azevedo