Por Pedro do Coutto

A frase que está no título, penso eu, sintetiza em cores fortes a dependência política de Jair Bolsonaro ao vice-presidente da República e ao ministro Sérgio Moro, por motivos diferentes porém convergentes para a estabilidade do chefe do Executivo. Vamos por partes. A revista Veja, na edição que se encontra nas bancas, publica reportagem de Thiago Bronzatto, Marcela Mattos e Nonato Viegas, na qual destacam problemas de relacionamento entre Hamilton Mourão e os filhos do presidente da República, exponenciados pelas agressões de Olavo de Carvalho a Mourão, em particular, e aos militares de forma geral.

O conflito atingiu o que pode ser seu ponto mais alto com o que foi publicado pelos três repórteres na revista que citei há pouco. O General Hamilton Mourão disse a Bronzatto, Marcela e Renato que, se o presidente da República assim desejar, ele renuncia e vai embora para casa.

JOGADA DE MESTRE – Foi um lance de dados de grande potência, capaz de abalar a base militar sobre a qual Jair Bolsonaro montou seu governo. É claro, digo eu novamente, que Hamilton Mourão não fala só por si e também exprime pensamentos de militares que ocupam cargos no Palácio do Planalto.

Assim, se Mourão renunciasse levaria consigo os generais que despacham na Esplanada de Brasília e integram até mesmo Secretária de Comunicação do governo, para se avaliar a profundidade da presença dos militares. Na condição de porta-voz, na lógica deste caso, pode se destacar a presença de um general, num setor que deveria ser comandado por um jornalista profissional.

Mas deixemos isso para lá porque os exemplos de pessoas não habilitadas a redigir textos e destacar fotos virou uma rotina nos esquemas de poder.

PLANO INCLINADO – O fato é que o presidente Bolsonaro depende da presença a seu lado do vice Hamilton Mourão, porque sem ele o plano inclinado da estrutura do poder desequilibraria o projeto de governo.

Quanto ao ministro Sergio Moro, Jair Bolsonaro não pode prescindir de sua presença no Ministério. Personagem que tem o maior prestígio pessoal dentre os brasileiros, o ex-juiz Moro funciona como um avalista do desempenho do Executivo, alicerçado pela aura de honestidade que o ex-juiz de Curitiba reflete.

Portanto, como se constata, Mourão e Moro são dois alicerces de sustentação que asseguram, até agora, o desempenho do governo e a imagem pessoal do presidente da República. A política é assim. Qualquer movimento impreciso, ao mudar o rumo, coloca o poder em risco.