Por Carlos Newton

Ninguém sabe ao certo o que acontecerá ao Brasil. Recorde-se que o candidato Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito com folga, em meio a um clima de renovação e muita esperança, acreditava-se que o país reencontraria o caminho do crescimento socioeconômico. Como se sabe, sonhar ainda não é proibido nem paga imposto. Os eleitores sonharam à vontade e agora têm de se deparar com a realidade, que chega a ser incompreensível, é por isso que não existem mais brazilianistas, todos desistiram de entender o Brasil e jogaram a toalha.

O fato concreto é que um ano praticamente já se passou e não houve grandes resultados, salvo o controle da inflação, embora Bolsonaro acredite que seu governo é um espetáculo e que o mundo ainda há de se curvar perante o Brasil, vejam a que ponto de delírio chegamos.

PARADOXO AMBULANTE – Neste primeiro ano, o que se viu foi um governo dividido, em que o Ministério da Economia se encarregou das reformas, enquanto a Presidência se mostrava mais interessada num revertério nos costumes socioculturais, com a intransigente defesa da instituição familiar passando a ser feita por um governante que já está no terceiro casamento e nem quer saber dos graves problemas da família da atual primeira-dama, a bela Michelle, cujo prazo de validade ainda não está vencido.

Bolsonaro é assim mesmo, um paradoxo ambulante. Em 2016, nos preparativos para as eleições, foi batizado no Rio Jordão pelo pastor pentecostal Everaldo Pereira, fundador do PSC, que depois lhe negaria legenda para ser candidato. Ainda hoje, Bolsonaro se diz católico, mas vive em orações nos templos evangélicos, onde se declara um enviado de Deus, que é uma boa forma de garantir eleitores.

E está sempre anunciando a nomeação de um jurista (?) tremendamente evangélico para ao Supremo.

VOCAÇÃO DE DITADOR – Não há a menor dúvida de que Bolsonaro tem uma tendência enorme para ser ditador, pois não aceita a existência da oposição, cultiva a paranoia de enxergar comunistas em todos os cantos, se diz perseguido pela grande imprensa e só dá entrevistas à evangélica TV Record, que o apoia incondicionalmente, e ao SBT, que pertence a um israelita que reza pela cartilha do oportunismo e se oferece prazerosamente a qualquer governo, desde os tempos da ditadura militar.

No meio dessa confusão, percebe-se que o governo é desastroso, muito mal visto no exterior, porque se orgulha de não acreditar em aquecimento global ou em efeito estufa, está pouco se incomodando com o meio ambiente e os direitos das minorias, além de achar que seu apoio incondicional aos Estados Unidos lhe garantirá ingresso no paraíso político universal, vejam que confusão dos diabos.

E AS REALIZAÇÕES? – De fato, há algumas realizações que merecem elogios, como a extinção de centenas de desnecessários conselhos federais, a derrubada dos juros, o controle da inflação e a tentativa – ainda não concretizada – de garantir posse de arma a cada cidadão decente, além da decisão de não privatizar a Petrobras, entregando apenas as subsidiárias.

E paramos por aqui, porque a reforma da Previdência é uma realização necessária, mas incompleta, pois não incluiu os servidores militares na primeira leva nem a privilegiada nomenklatura civil, especialmente do Judiciário e do Legislativo, todos continuam se aposentando com o supremo teto .

POR OSMOSE – A mínima recuperação do PIB e do emprego este ano foram obtidas por osmose, porque o governo nada fez neste sentido, as coisas se deram normalmente, com a economia batendo no fundo do poço e depois subindo em pouco, conforme já ocorrera no governo Temer, também por osmose, pois em economia não existem crises eternas.

Em tradução simultânea, são poucas as grandes realizações. Mesmo assim o presidente pode se reeleger, devido à aversão a Lula e ao PT, que parece ter aumentado com a libertação do ex-presidente, que tem ficha sujíssima e leglamente não pode se candidatar em 2022.