Por Mauro Ferreira Lima*

Após o desdém inicial com relação ao coronavírus, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mudou o tom.

Como tem moeda forte, anunciou um “socorro” de 2 trilhões de dólares (sic). US$ 150 bilhões a mais do que o PIB do Brasil de 2019, para que a economia local não desagregue geral. Esperto e com fino faro, assim agiu tendo em vista as eleições próximas. Será imbatível, tudo indica.

Por aqui, o Bolsonaro bate-boca constantemente com os governadores, com foco no governador Doria. Reporta-se diretamente a uma eleição que já passou e dá um salto para a que virá em 2022. Destempero explícito!

Fala do passado e do futuro. Já do presente, apenas muita verborragia e desconexões de pensamentos e de atitudes construtivas. Zero iniciativa convincente para buscar um mínimo  equilíbrio entre o combate ao vírus e a manutenção do funcionamento institucional, econômico, social e político do país.

Isto teria que vir apoiado em recursos governamentais (federais, sim!) garimpados no meio desta drástica  emergência para socorrer as atividades econômicas. Aí se inclui o universo de empresas de todos os portes. Em paralelo, teria que se “acudir” o exército,  destituídos de segurança financeira mínima, que sobrevivem na atroz informalidade cotidiana nacional.

Tarefa hercúlea que exigirá a superação  urgente de idiossincrasias políticas sob pena de, realmente, virarmos a curto prazo em um Chile conflagrado. 12 vezes mais do que vimos há pouco tempo por lá.

O Brasil, de 211 milhões de habitantes, corre sério risco de esfacelar-se profundamente se esse cenário de digladiação e carnificina política  continuar. Para quem tem fé religiosa, urgem orações e correntes fervorosas para sairmos disso.

*Professor da Universidade de Pernambuco e mestre em Desenvolvimento Socioeconômico e Meio Ambiente