A pesquisa feita entre 26 e 29 de abril pelo Instituto Paraná Pesquisas e Veja e divulgada neste sábado (2) também mostra que desde que Jair Bolsonaro assumiu o governo, mesmo com os tropeços variados que tem dado no exercício do cargo, o presidente tem conseguido manter sempre algo em torno de 30% do eleitorado, o suficiente para levá-lo a um segundo turno.

Para convencer o restante do eleitorado, no entanto, Bolsonaro terá que superar a crise atual e melhorar a avaliação de sua gestão. Segundo a pesquisa, 44% dos consultados aprovam o seu governo, enquanto 51,7% desaprovam. Outro dado negativo é que apenas 31,8% do eleitorado considera a sua administração ótima ou boa contra 39,4% que a avaliam como ruim ou péssima. Outros 27,3% acreditam que seu desempenho é regular.

O instituto Paraná Pesquisas também perguntou como se Bolsonaro está se saindo em relação ao que aguardavam do seu governo: para 58,8% seu desempenho é pior do que esperavam, enquanto 35,3% dizem que ele está se saindo melhor do que a expectativa.

“É o pior momento do governo em termos de popularidade. Esse um terço que Bolsonaro mantém consolidado é impressionante, mas as pessoas que consideram sua gestão ‘regular’ estão começando a classificá-lo como ‘ruim’ ou ‘péssimo’. As confusões que Bolsonaro está criando têm feito com que ele perca o eleitor neutro. E me parece que ele não está preocupado com isso, mas em governar para manter os 30%”, entende Murilo Hidalgo.

Bolsonaro tem acumulado confrontos no campo político – além do desgaste provocado pelas saídas de Mandetta e Moro, ele tem tido atritos com governadores de estados importantes como o de São Paulo, João Doria (PSDB), e o do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) e com boa parte dos grandes partidos, tanto que tenta uma aproximação com o Centrão, bloco de partidos fisiológicos especialista em negociar apoio em troca de cargos. Em meio a tudo isso, já tem contra si mais de 30 pedidos de impeachment. O engavetamento ou tramitação desses processos dependem apenas do aval do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), outro desafeto.

“A manutenção desses 30% mostra que existe um núcleo sólido em torno do presidente. É um número muito significativo. Se for visto como ponto de partida, é um número para garantir lugar no segundo turno. Isso impressiona porque o governo e a figura de Bolsonaro já foram expostos a todas as imagens negativas possíveis até aqui”, diz Marco Antonio Carvalho Teixeira, cientista político da FGV.

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