Apressado em marcar a eleição para final de novembro e princípio de dezembro ou os dois turnos em novembro, como parece a proposta mais consensual, o Congresso não quer ouvir falar em prorrogação de mandatos de prefeito e vereador, nem mesmo por apenas um ano. Mas mantida a curva crescente da pandemia do coronavírus, como se observa hoje, o Brasil caminha para a eleição do ineditismo, sem campanha de rua, sem convenções presenciais, sem aperto de mão nem abraços, o primeiro pleito online de fato.

Uma perguntinha que não quer calar: se a eleição fosse para a renovação do mandato das excelências congressuais, não já estaria prorrogada para 2021? “Elementar, meu caro Watson”, diriam os mais fervorosos defensores hoje da eleição a qualquer custo. Não se pode fazer mais nada neste País envolto na maior crise sanitária da sua história, mas votar, pode. Vereadores entram para o livro dos recordes como cobaias duplos em uma única eleição.

Primeiro, pelo fim das coligações na proporcional, o que pôs abaixo os chapões. Agora, pela eleição sem preceder uma campanha. O País do ineditismo vai às urnas sem que o eleitor conheça, fisicamente, os postulantes aos cargos de prefeito e vereador. Raça discriminada, o vereador virou cobaia, só serve agora para testar o que tem tudo para dar errado, tudo que os nobres senadores e deputados não querem para eles.

Afinal, o caro leitor tem alguma dúvida de que se o modelo da proibição de coligação se revelar numa catástrofe os deputados federais e estaduais vão querer entrar na mesma fria? Deputado não dá tiro no pé, ouvi muito do meu avô. E também é ágil na definição do que interessa a ele. A eleição on-line vai se constituir no maior absurdo já praticado nesse país, para o eleitor e o candidato.

Eleição se faz com candidato e povo nas ruas, com emoção, com debate, principalmente a municipal, a que envolve mais diretamente o cidadão, o eleitor, porque o que está em jogo é o destino e o futuro dos seus municípios. Na verdade, eleição sem campanha é como casamento sem noivado, não tem graça. É frívola, inodora, sem sabor. É um pântano tenebroso. O debate será pelas redes sociais, pelas lives e conferências.

Tudo bem, mas seria interessante o TSE responder se o voto, num estágio lá na frente em que essa pandemia não esteja sob controle, sem que ainda tenha surgido a vacina salvadora, pode ser também pela internet, por um aplicativo? Eis aí o caminho aberto para a maior fraude eleitoral que assistiremos neste mundo em que o isolamento social é a única solução para nos salvar da morte pelo vírus do horror.

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