Via Gazetaweb

Generais da ativa e da reserva ouvidos  nesta terça-feira (14) avaliam que o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, precisa definir rapidamente o seu futuro. Pazuello, que é general da ativa do Exército, deve escolher: ou pede transferência imediata para a reserva ou deixa o Ministério da Saúde.

“Enquanto se tratava de uma ‘missão’ de caráter transitório, era uma situação; com a permanência no posto, as coisas mudam. O lógico é que ele peça transferência para a reserva. Ou, então, que cesse a ‘missão'”, disse ao um general da ativa.
A situação de Pazuello tem causado desconforto para o Exército. Internamente, há o temor com o desgaste com o prolongamento dessa situação do militar.
No sábado, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), chegou a afirmar que o Exército se associou a um “genocídio”, em alusão à condução do governo no enfrentamento da pandemia de coronavírus. Houve forte reação do Ministério da Defesa.
Há um cuidado nas Forças Armadas em deixar claro que o Exército não participou da escolha de Pazuello para o posto. Um influente general da reserva ressaltou que Pazuello “foi uma escolha” do presidente Jair Bolsonaro, ou, “no máximo, uma indicação de alguém próximo, do entorno imediato”.
E que, portanto, “não foi uma indicação do Exército Brasileiro”.
Esse mesmo general ressaltou que a uma situação é diferente do que aconteceu no governo passado, quando o então presidente Michel Temer “pediu um general para a Secretaria Nacional de Segurança Pública”. Segundo o militar, o então comandante do Exército, general Villas Bôas, foi quem “indicou o general Santos Cruz para o cargo”.
“Isso faz toda a diferença, isenta o Exército Brasileiro de qualquer compromisso com o Pazuello. Ele responde ao presidente, de quem tem aval. Associar o Exército ao ministro que ele não escolheu é injusto. Não se trata de virar as costas ao Pazuello, certamente se torce muito por ele, mas sim de não pagar o ônus de uma escolha que não passou pelo comandante.”
O general completou: “Acho que se ele aceitar prosseguir além da interinidade, terá feito uma escolha pessoal que, espero, o faça pedir transferência para a reserva”.
Sem quatro estrelas
Em tempo: caso Pazuello volte para o Exército, não há possibilidade de ele alcançar o posto de general de quatro estrelas.
Isso, porque ele é formado na Academia Militar das Agulhas Negras como Oficial de Intendência. Essa carreira termina como 3 estrelas, assim como a dos médicos e a dos engenheiros militares.