A pandemia fez aumentar como nunca a parcela de jovens que não estudam nem trabalham, os chamados nem-nem.

A população na faixa etária de 20 a 24 anos nessa situação subiu de 28,6% no último trimestre de 2019 para 35,2% no segundo trimestre deste ano, o maior patamar já visto e o maior avanço já registrado, especialmente em um intervalo de apenas seis meses.

Na faixa entre 25 e 29 anos, a população de nem-nem subiu de 25,5% para 33%, conforme informou ontem o colunista do GLOBO Ancelmo Gois.

— O problema está no mercado de trabalho, principalmente para os que estão se formando. Junta-se a crescente desigualdade educacional com a dificuldade dos jovens formados de se inserir no mercado de trabalho— alerta o economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, que fez o levantamento.

Frequência escolar

O avanço dos nem-nem não foi por redução na frequência escolar. Pelo contrário, a escolarização aumentou no período, mas não conseguiu compensar o tombo no mercado de trabalho. Neri diz que os jovens conseguiram lidar melhor com o estudo digital, principalmente os mais velhos.

Entre 20 e 24 anos, a frequência subiu de 26,1% para 29,1%. De 25 a 29 anos, passou de 13,1% para 14,2%. Entre os adolescentes, o mesmo fenômeno.

— Se não tem emprego, o jovem continua a estudar. Já tem um bom manejo de internet e se saiu melhor que a faixa etária entre 6 a 15 anos no ensino virtual. Em termos de frequência escolar, o ensino juvenil foi menos afetado que o do grupo de crianças — afirma Neri.

O GLOBO