Nos dois primeiros anos do seu Governo, o presidente Bolsonaro choramingou a má vontade do Congresso para avançar nas reformas exigidas pela sociedade e na falta de uma mão dupla para se enxergar um palmo à frente em projetos que pudessem consolidar novos tempos no País alavancados por uma gestão empreendedora. O culpado, embora tenha tido importante papel na reforma da Previdência, tinha nome e sobrenome: Rodrigo Maia (DEM-RJ), que se despede hoje do comando da Câmara dos Deputados.

Maia sai e passa a ter sucessores, e não apenas um sucessor, um robusto grupo que atende pelo nome de Centrão, liderado pelo alagoano Arthur Lira (PP). Casado com os conservadores e fisiologistas do baixo clero, o voto mais caro do Congresso, Bolsonaro perde o discurso da vitimização. Todo bolsonarista roxo embarca no discurso do presidente, de que deputados e senadores, que só enxergam do umbigo para baixo, não zelam pelos interesses mais nobres da sociedade.

Era muito fácil até então culpar o Congresso. A partir desta página que se abre hoje, as vitórias do Governo terão um preço caro: o Centrão custa uma baba ao País, enfia a espada sem dó e sem piedade nos cofres da Nação toda vez em que aprova projetos e medidas provisórias enviadas ao parlamento pelo Governo. O Centrão vai encher o saco de Bolsonaro, chega com um bocão do tamanho de um jacaré. Sai a fase Bolsonaro refém de Maia, entra a fase dele prisioneiro do Centrão. Cada facada do Centrão vai ser um soco no estômago da sociedade.

Bolsonaro ganha, por outro lado, um adversário rancoroso e temente no bloco da oposição: o próprio Rodrigo Maia, que se alia aos esquerdóides preocupados com a única pauta, a de criar de dificuldades para o Governo e alimentar um ambiente favorável ao impeachment, temática que, a princípio, sai da ordem do dia, mas que pode surgir a qualquer momento mediante a relação do presidente com o Centrão.

Custa caro um Congresso dominado e subserviente. Na Casa Alta, o Senado, também estará tudo dominado, como já é, hoje, com Davi Alcolumbre. Sai o anão do Amapá, que nunca teve dimensão nem estatura para o cargo, entra Rodrigo Pacheco, também democrata, das alterosas montanhas mineiras de Tancredo Neves, que ensinou que o Brasil não admite nem o exclusivismo do governo nem da oposição, porque governo e oposição, acima dos seus objetivos políticos, têm deveres inalienáveis com o povo.

Fonte: Blog do Magno