O consórcio de municípios para compra de vacinas contra a Covid-19 quer ajuda internacional para reforçar o Plano Nacional de Imunização (PNI). Segundo o presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Jonas Donizette, a ideia é mostrar que ajudar o país é uma forma de ajudar o mundo.

“Os apelos que vamos fazer a nível mundial, não vai ser só um apelo dizendo, olha, o Brasil é isso. Surgiu a variante brasileira em Nova Iorque. Nós vamos mostrar que, além de estar ajudando o Brasil, as intervenções internacionais estarão ajudando o mundo. Nesse momento, o Brasil é perigoso para o mundo. Se essas variantes se espalharem, a situação, se é que tem como, vai ficar pior ainda”, disse Donizette.

A declaração ocorreu durante a reunião virtual que marcou a aprovação do estatuto e instituição do Conectar – Consórcio Nacional de Vacinas das Cidades Brasileiras, do qual 2,6 mil municípios manifestaram interesse em participar – neste momento, 1.731 já aprovaram projetos de lei municipais para integrar o grupo.

A busca por ajuda externa vai de encontro com a opinião da epidemiologista Carla Domingues, ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunização (PNI) e consultora da FNP, que alertou que o Brasil está no “final da fila” para compra de mais doses.

Para a especialista uma estratégia seria usar a força política construída pelos municípios para acelerar a entrega de mais vacinas pelo consórcio global Covax Facility e também fazer a busca de doses em países com excedente, como os Estados Unidos.

A Covax Facility é uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), da Coalizão para Promoção de Inovações em prol da Preparação para Epidemias (Cepi) e da Aliança Mundial para Vacinas e Imunização (Gavi), em parceira com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Trata-se de uma aliança global com mais de 150 países, criada para impulsionar o desenvolvimento e a distribuição das vacinas contra a Covid-19. O acordo do Brasil com o consórcio prevê 42 milhões de doses. Dessas, cerca de 9,1 milhões são doses da vacina Oxford/AstraZeneca devem chegar ao Brasil entre março e abril, mas até agora apenas 2,997 milhões de doses estão confirmadas.

Acelerar imunização em um mês

Na avaliação de Carla Domingues, o consórcio poderia, caso consiga o aporte de 20 milhões de doses, acelerar em até um mês o calendário para imunizar o grupo prioritário definido pelo governo federal – em suas contas, diante das doses já contratadas pelo Ministério da Saúde e previsão de entrega, isso ocorreria até o final de julho de 2020.

“Caso o consórcio adquira 20 milhões com entrega até maio, possivelmente atingiríamos esse grupo de 80 milhões previsto pelo PNI até o final de junho”, opina.

Durante a reunião, os prefeitos de Canoas (RS), Jairo Jorge, e de Campo Grande (MS), Marquinhos Trad, defenderam que o consórcio deva trabalhar para conseguir mais que essas 20 milhões de doses projetadas pela epidemiologista.

“Temos que colocar essa baliza mais alta. O custo com a compra de vacinas é infinitamente inferior ao que perde de arrecadação. Ainda que as doses sejam para o PNI, seria muito pouco para as cidades, vamos buscar 40 milhões. O quanto mais rápido vacinarmos, melhor”, disse Jairo Jorge.