A CPI da Covid ouviu, ontem, o vendedor-policial Luiz Paulo Dominguetti, responsável pela denúncia de cobrança de propina na compra de vacina por parte de Roberto Ferreira Dias, diretor de Logística do Ministério da Saúde, afastado no mesmo dia pelo presidente Bolsonaro. Por pouco, Dominguetti não sai preso da CPI por entrar em contradição em vários momentos da sua fala.
Após vários pedidos de senadores para que Dominguetti fosse preso, o presidente da Comissão, Omar Aziz (PSD-AM), não ordenou a prisão do depoente, que se apresentou como representante da Davati Medical Supply, afirmando ter recebido proposta de propina de Roberto Ferreira Dias. Aziz alegou que não ordenaria a detenção de Dominguetti apenas em respeito à família do policial e classificou como grave a atuação dele frente à CPI.
O incômodo de Aziz e de outros senadores se deu com o fato de Dominguetti ter exibido à comissão um áudio do deputado federal Luis Miranda – que denunciou as irregularidades da vacina indiana Covaxin – afirmando que o parlamentar também estaria envolvido em negociações de venda de vacinas. Miranda, no entanto, negou que o assunto do áudio fosse sobre imunizantes. Depois disso, Dominguetti precisou ajustar seu discurso.
Segundo o presidente da comissão, a gravação apresentada por Dominguetti estava fora do contexto e ainda teria sido editada – o que o policial afirmou desconhecer. “É muito grave o senhor emitir áudio editado”, disse Aziz. O presidente da comissão questionou ainda por qual motivo Dominguetti teria tanta confiança no representante da Davati no Brasil, Cristiano Alberto Carvalho, que enviou a ele o áudio. Aziz também mencionou a necessidade de a CPI realizar uma acareação entre Dominguetti e outros citados por ele, como Cristiano e Roberto Dias.
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) pediu que a CPI da Covid solicite uma investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre as condições do depoimento do policial militar Luiz Paulo Dominguetti. Para Carvalho, há no “mínimo suspeição” de que Dominguetti, que se apresentou como vendedor de vacinas, teria sido “plantado” na comissão para desviar o foco das investigações em torno da vacina indiana Covaxin. Ao citar publicações de Dominguetti nas redes sociais em apoio ao presidente Jair Bolsonaro, Carvalho insinuou que o governo poderia estar por trás das declarações do policial.
Blog do Magno
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