O potiguar Ítalo Ferreira, mais uma vez, homenageou a avó. Dessa vez após entrar para a história como o primeiro medalhista de ouro dos surfe olímpico.

Eu queria que minha avó estivesse viva para ver isso. Ver aquilo que me tornei, o que fiz pelos meus pais, para aqueles que estão ao meu redor. Eu sonhei bastante com isso, todo dia eu orei às 3h para que eu realizasse esse sonho”, disse o surfista, emocionado, após a conquista do ouro no Japão.

Orgulho de Baía Formosa (RN) ainda mais pela conquista da medalha de ouro do surfe masculino nas Olimpíadas de Tóquio 2020, Italo Ferreira faz questão de embarcar no papel transformador que pode exercer na cidade natal e no Nordeste. Com as pompas de ter se tornado o primeiro campeão olímpico da história do surfe, o potiguar de 27 anos acredita que o feito pode estimular crianças e jovens nordestinos a perseverarem no caminho do esporte.

– Acho que isso (ouro no surfe) serve de inspiração para aqueles que vêm de baixo, que têm sonhos, que acreditam até o final, que foi o que fiz, e (que precisa) aproveitar todas as oportunidades da vida. Às vezes a gente só tem uma. Então eu vivo intensamente. Eu sabia que aqui era uma oportunidade de mostrar meu melhor, de sair com essa medalha, até porque eu vim com esse sentimento, de vir e ganhar o campeonato – afirmou o surfista.

A conquista histórica no Japão fez Italo mergulhar novamente na sua história. O início da carreira não foi fácil. Ainda criança, costumava usar as tampas de caixa de isopor do pai para vender peixe como prancha. As dificuldades o tornaram mais forte e mais determinado a alcançar seus objetivos.

– Quando você vem de baixo, quando você passa por dificuldade, você tem mais vontade, mais garra, mais determinação. Não foi diferente comigo. O Daniel Alves é um exemplo, veio da Bahia e conquistou o mundo, como eu estou fazendo agora, como alguns atletas que têm histórias incríveis de superação, que usaram aqueles momentos difíceis como combustível.

Italo não esquece de suas raízes, tanto que mora em Baía Formosa até hoje, assim como os pais. Inclusive, a preparação para os Jogos Olímpicos foi feita grande parte na cidade, localizada no litoral do Rio Grande do Norte e a 94km de Natal.

– Eu fiz valer a pena os últimos dois meses de treino. O último mês, na verdade, que eu fiquei em casa mesmo, para recarregar as energias, para estar com as pessoas que eu amo, com aquelas pessoas que realmente acreditavam e estavam ali comigo, com meus amigos que surfavam comigo logo cedo e estavam me incentivando e falando o que estava certo ou errado – contou o surfista.

Se Italo já é inspiração para nordestinos, isso já mostrou a carreata em Baía Formosa depois do ouro conquistado. Mas ele quer algo mais concreto. O surfista lembrou que planeja a construção do Instituto Ítalo Ferreira na cidade, com o objetivo de ajudar as crianças por meio do esporte.

Parceria nordestina ajuda no ouro

Italo comentou que tinha um desejo de trazer o ouro não só para o Brasil, mas especificamente reforçando que seria uma conquista para o Nordeste. E isso se tornou mais vibrante no convívio com Rudá Carvalho, ex-surfista baiano e um dos membros da delegação brasileira em Tóquio.

– Ele estava aqui como coach da Silvana (Lima). Eu pedi para ele: “Vamos levar essa medalha para o Nordeste”. Ele me deu uma força incrível durante esse dias, falava a real mesmo, sempre de homem para homem, olho no olho, e ele falava umas paradas que realmente me deixava bem motivado. Então, gostaria de agradecer ele também pela força.

Globo Esporte