O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, afirmou neste sábado (13) que o Brasil “sairá na frente” de outros países no desafio global em reduzir emissões de gases, a chamada neutralidade de carbono até o ano de 2050 — um dos acordos do relatório final da COP26.

“Criamos as bases do programa de crescimento verde com 10 ministérios, e é um comitê interministerial que olha para redução de emissões/neutralidade de carbono até 2050, conservação de floresta nativa e para uso racional de recursos naturais”, disse.

após o encerramento da COP26, em Glasgow, na Escócia, e aprovação do novo acordo global sobre o clima, Leite destacou que o país “foi líder” nas articulações sobre o mercado do carbono, uma das apostas do governo federal no encontro.

“Em quase todos os biomas brasileiros você vai poder gerar crédito de carbono por proteger a floresta nativa. O setor privado vai desenvolver projetos, e nosso objetivo é exportar créditos”, avaliou. “Fomos elogiados pela atuação, pois fizemos  papel de líder no mercado de carbono. Representantes da China, União Europeia e EUA vieram ao nosso estande, deixando claro a participação do Brasil”.

O ministro do Meio Ambiente destacou que, além da conservação das florestas nativas, o Brasil conta com dois setores que serão “exportadores” de créditos de carbono: papel/celulose e o etanol, segundo ele.

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

“Dois setores exemplos para o mundo, que com certeza vão gerar créditos de carbono, gerar mais projetos sustentáveis e empregos verdes para o Brasil. Esse era o desafio que tínhamos na COP26”, concluiu.

Créditos de carbono

Uma das principais discussões realizadas na COP26 foi sobre o crédito de carbono. O motivo do debate é que esse mercado pode ser uma alternativa para ajudar países e empresas a diminuírem a emissão de gases de efeito estufa.

O desafio de países em manter o aumento da temperatura média do planeta abaixo de 2ºC é um ponto central na conferência. E um dos caminhos é justamente transformar as emissões em negócio.

Nações e empresas têm metas ambientais. Dessa forma, aqueles que conseguirem diminuir a poluição para além desses objetivos com a redução da emissão de carbono geram créditos e têm direito de vender o excedente.

A lógica é incentivar setores da economia a se descarbonizar. No Brasil, a estimativa é que o mercado de carbono possa trazer receitas de até US$ 100 bilhões ao Brasil, segundo um estudo do ICC Brasil, braço da International Chamber of Commerce no país.

Redução de combustíveis fósseis

Depois de uma maratona de negociações, a COP26 (Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas) aprovou neste sábado (13), em Glasgow, na Escócia, um acordo sobre o clima no planeta que inclui, pela primeira vez na história, uma referência aos combustíveis fósseis e seu papel na crise climática.

O texto final aponta explicitamente para o carvão, que é o maior contribuinte individual para as mudanças climáticas. Em todas as 25 COPs anteriores, nunca um acordo havia mencionado carvão, petróleo ou gás, ou mesmo combustíveis fósseis em geral, como impulsionadores — muito menos a principal causa — da crise climática.

Emocionado, o presidente da COP26, Alok Sharma, fez o anúncio do acordo com golpes de martelo. Ele emendou oralmente o rascunho mais recente do texto atenuando a linguagem em torno dos combustíveis fósseis depois de objeções feitas pela Índia e o Irã. O acordo final se refere a uma “redução” do carvão, em vez de uma “eliminação”.

Havia profundas divisões entre as nações sobre questões-chave, incluindo o uso dos termos sobre combustíveis fósseis e a quantia de dinheiro que o mundo desenvolvido deveria pagar ao Sul Global para ajudá-lo a se adaptar à crise climática. Isto impediu que a cúpula terminasse na sexta-feira (12), data inicialmente prevista para o encerramento.

CNN Brasil