Depois de um lenga-lenga, ontem, a cúpula do PSDB deu a mão à palmatória, se convenceu que caiu numa cilada, contratando um aplicativo por R$ 1,3 milhão a uma faculdade do Rio Grande do Sul, e anunciou que decidiu contratar uma nova empresa para concluir o sistema de votação de suas prévias presidenciais.

No último domingo, o partido foi obrigado a suspender o processo de escolha do candidato tucano ao Palácio do Planalto após uma série de falhas apresentadas pelo aplicativo da Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Faurgs), contratada para o serviço. Agora, a Relatasoft foi escolhida para cuidar do novo aplicativo, o D. Voto, desde que o novo sistema passe pelo “teste de estresse” ao qual será submetido.

A empresa integra o Projeto Eleições do Futuro, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A ideia agora é retomar a votação o mais rapidamente possível. Mas, além dos ajustes técnicos, a nova data depende das negociações políticas entre os candidatos. Disputam as prévias os governadores João Doria (São Paulo), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio.

Segundo dirigentes do PSDB, os técnicos da Faurgs não forneceram explicações convincentes sobre o problema envolvendo a ferramenta de votação nem teriam oferecido soluções seguras para que continuassem participando das prévias. O aplicativo custou cerca de R$ 1,3 milhão. “O PSDB foi vítima de um problema técnico nas prévias para escolher seu candidato à presidência da República e busca meio para retomá-las”, disse a direção do partido por meio uma de nota.

Que acrescenta: “Entre as possibilidades, já há empresa que será submetida ao teste de estresse por todas as candidaturas. Mais alternativas estão em análise. Ainda não foi apresentado diagnóstico do ocorrido pela Fundação de Apoio à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Faurgs), desenvolvedora do aplicativo que apresentou falhas. O fundamental é garantir o voto dos filiados já cadastrados.  Os votos já registrados na urna e em aplicativo estão válidos e serão computados”.

Uma saída necessária e esperada, mas vale uma perguntinha: e os R$ 600 mil que o PSDB já pagou ao aplicativo fajuto? A Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Faurgs) vai devolver ou essa dinheirama vai tomar o caminho da caixinha das almas?

Rachado ao meio – A troca de empresa ainda deve provocar mais acusações entre os candidatos do PSDB. Doria e Virgílio estão alinhados e apoiam a substituição imediata do aplicativo. Já Eduardo Leite tem colocado obstáculos à mudança da plataforma de votação. Desde o início das prévias, Leite defendeu o uso do aplicativo desenvolvido pela Faurgs. Doria era contrário. Seja com qualquer desfecho, o PSDB sai desse processo tendo de administrar o desgaste pela interrupção da votação e pelo aprofundamento de sua divisão política, especialmente entre os grupos de Doria e Leite.