Por Houldine Nascimento

Além dos danos materiais gigantescos, as chuvas que atingiram o sul da Bahia causaram a morte de pelo menos 24 pessoas e deixaram outras 434 feridas. Os dados foram atualizados, ontem, pela Superintendência de Proteção e Defesa Civil do Estado (Sudec).

Ainda de acordo com o boletim, 37.324 estão desabrigadas e os desalojados – aqueles que precisaram deixar suas casas, mas que estão nas residências de parentes ­– chegaram a 53.934. Ao todo, 629.398 pessoas foram atingidas. São 141 municípios baianos afetados pelas enchentes e 132 deles estão em situação de emergência. Uma tragédia sem precedentes no estado nordestino.

Até o momento, o Governo Federal anunciou uma medida provisória de R$ 200 milhões para a reconstrução de rodovias. A expectativa era de que os valores fossem destinados apenas para a Bahia, mas a verba foi distribuída para cinco estados. Para o sofrimento baiano, sobraram R$ 80 milhões.

Os recursos foram considerados insuficientes pelo governador Rui Costa (PT), por deputados federais da Bahia e pelo próprio presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que é aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL). A bancada baiana na Casa, por sua vez, defende a criação de um fundo emergencial de R$ 2 bilhões.

Para além da catástrofe, chama atenção o comportamento do presidente Bolsonaro, que mantém suas férias no litoral de Santa Catarina. Nas redes sociais, o chefe do Executivo tem publicado vídeos de puro lazer. Em um deles, vários banhistas o cercam durante um passeio de moto aquática com a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e a filha mais nova, Laura.

Essa atitude do presidente tem gerado críticas nas redes. Um levantamento da AP Exata e ModalMais aponta que as menções negativas a Bolsonaro chegaram a 72% no Twitter. Mais do que as férias – que o chefe do Executivo tem direito –, incomoda a demonstração de indiferença à tragédia baiana durante o período de descanso.

Ministros vistoriam – O presidente Bolsonaro não foi à Bahia desta vez, mas enviou quatro ministros e um secretário para prestar ajuda. Na comitiva, os ministros Rogerio Marinho (Desenvolvimento Regional), João Roma (Cidadania), Marcelo Queiroga (Saúde) e Damares Alves (Família, Mulher e Direitos Humanos), além do secretário-executivo de Infraestrutura, Marcelo Sampaio. Nas redes, os ministros Gilson Machado Neto (Turismo) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-geral) publicaram um vídeo que mostra Marinho dirigindo e levando o resto do grupo a uma das cidades afetadas. A postagem também trouxe uma mensagem crítica à “grande mídia”.