Se for bem orientado – não sei até o momento quem é o seu marqueteiro – o ex-juiz Sérgio Moro, pré-candidato a presidente da República pelo Podemos, escolheria Lula agora e no curso da campanha para o debate na tentativa de quebrar a polarização que se observa hoje entre o petista e Bolsonaro.

Ofereceria ao País o notável confronto do algoz contra o réu, do carrasco frente à “alma mais honesta do planeta Brasil”. Visto como a única alternativa de terceira via com chances de quebrar a polarização Lula x Bolsonaro, Moro tem se revelado uma águia no raciocínio da resistência dialética no campo político. Quando atacado, especialmente por Lula, responde com inteligência.

Lula e os petistas insinuam que Moro trabalhou para uma empresa nos Estados Unidos envolvida na Lava Jato. Em publicação em seu Twitter, Moro disse que “mente quem fala ou sugere que tenha recebido dinheiro de empresa envolvida na Lava Jato, operação que coordenou”. “Quem trabalhou para a Odebrecht foi o Lula”, ironizou, referindo-se ao escândalo que levou o ex-presidente e mais 40 para a cadeia.

Depois que o TCU derrubou o sigilo sobre os honorários recebidos pela Alvares & Marsal, consultoria em que trabalhou, Moro deu os seguintes esclarecimentos: “Meu contrato era com a A&M disputas e investigações, e não com a parte da empresa responsável por recuperações judiciais, que tem outro CNPJ e cujas fontes de receita são diferentes. Nunca prestei nenhum tipo de trabalho para empresas envolvidas na Lava Jato. E isso foi deixado claro, a meu pedido, no contrato que assinei com a renomada consultoria norte-americana. Nos meses em que estive na empresa, trabalhei com compliance e investigação corporativa, ou seja, ajudando e orientando empresas a construir políticas para evitar e combater a corrupção”.

A estratégia de Lula é carimbar Moro como corrupto, marca que o petista tem na testa depois que sua quadrilha assaltou a Petrobras, sendo responsável pelo maior escândalo da história brasileira. Dificilmente irá conseguir. Moro pode ser verde e infantil na batalha política, mas imbecil a ponto de trabalhar para uma empresa que recebia dinheiro da operação que coordenou, jamais. É muito inteligente para cair numa cilada dessa magnitude.

Só a ganhar – Escalando Lula como adversário, e não Bolsonaro, Moro faria uma espécie de segundo turno no primeiro turno. Lula jamais imaginou um cenário em que tivesse que estar frente a frente com quem o prendeu, com quem tem uma vasta e rica literatura dos escândalos envolvendo ele e o PT. Não foi Moro quem prendeu Lula, mas a Justiça respaldada num calhamaço que levou a uma única e irrefutável conclusão: seu envolvimento direto no assalto aos cofres da Petrobras.

Consistência no que diz – Tenho observado como Moro reage aos ataques e suas respostas são muito consistentes, como esta, ainda sobre o suposto envolvimento da empresa que prestou serviço: “Jamais trabalhei para a Odebrecht ou dei consultoria, direta ou sequer indiretamente, a empresas investigadas na Lava Jato. A empresa de consultoria internacional, para a qual prestei serviço, foi nomeada por um juiz para atuar na recuperação judicial de créditos da Odebrecht, ou seja, para ajudar os credores a receberem dívidas. E eu jamais trabalhei nesse departamento da empresa. Portanto, os argumentos de que atuei em situações de conflito de interesse não passam de fantasia sem base”.

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