Por Carolina Linhares / Folha

Em evento de filiação de parlamentares e militantes do MBL (Movimento Brasil Livre) ao Podemos nesta quarta-feira em São Paulo (26), o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) criticou a aproximação entre o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao pregar o caminho da terceira via, também afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) enganou a população.

Arthur do Val, membro do MBL, deve concorrer ao Governo de São Paulo pelo Podemos. E foi elogiado por Moro. “A gente precisa ter uma cara nova. Alguém jovem, mas maduro para dar um novo rumo para o Estado. Não é possível que a cada quatro anos nós tenhamos sempre as mesmas coisas”, disse Moro.

EFEITO ALCKMIN – “Quando a gente vai ver no fundo, como hoje tem esse movimento do ex-governador Alckmin em direção do PT, será que é tão diferente assim? Então a gente precisa ter realmente uma cara nova”, seguiu no discurso.

“Está na hora de acabar com essa história de a cada quatro anos ficar pensando entre PSDB e PT. Agora a gente está vendo que o PT está ameaçando voltar para São Paulo, não é só no país que isso é um risco”, completou.

O evento de filiação de Arthur do Val, do deputado federal Kim Kataguiri e do deputado estadual Heni Ozi Cukier e de outros nomes do MBL vai oferecer ao Podemos um palanque para Moro em São Paulo, com candidatos a deputado federal e estadual. Kim concorrerá à reeleição, e Heni tentará uma vaga no Senado.

LULA E BOLSONARO – Em seu discurso, o ex-juiz também mirou em Lula e Bolsonaro, seus principais adversários eleitorais. “Querem que a gente esqueça que eles provocaram a maior recessão da história do país”, disse Moro a respeito do PT, lembrando do petrolão e do mensalão. A respeito de Bolsonaro, afirmou que a população quer um presidente “que vai defender a ciência e não vai negar os fatos”. ​

Moro afirmou também que, enquanto juiz da Lava Jato, receber o apoio dos movimentos de rua, como o MBL e o Vem Pra Rua, foi gratificante. “A gente sabia que era aquilo que fazia a pauta anticorrupção avançar. […] A Lava Jato é de vocês, foi uma conquista da sociedade brasileira”, disse.

Arthur do Val afirmou que São Paulo é o estado que mais rejeita Lula e Bolsonaro. “A terceira via nasce daqui”, disse. O deputado discursou contra o pacto federativo, pregando que a arrecadação do estado de São Paulo serve para sustentar outros estados.

DEU ENTREVISTA – Apesar de ter prometido divulgar, na sexta (28) seus ganhos atuando em consultoria nos EUA, o presidenciável do Podemos ignorou o tema em sua fala. Ao falar com a imprensa após o evento, Moro afirmou que as suspeitas são fantasias e mentiras. Ele disse ainda que escolheu prestar contas em suas redes sociais para não ceder ao que considera um abuso do TCU.

“Quem não deve não teme, meus rendimentos são todos lícitos, normais. Eu não queria ceder ao abuso. Eu não vou apresentar ao TCU, porque está abusando do poder, o processo é ilegal, mas vou apresentar para todas as pessoas nas minhas redes sociais”, disse.

“Eu sempre combati a corrupção e sempre atuei com integridade. Como não tem o que falar do meu trabalho, tem gente que fica fantasiando e mentindo. Porque o pessoal tem medo, está vendo que o projeto está crescendo, com o Podemos, com o MBL”, afirmou à imprensa.

MONTE DE FANTASIA – Moro egou ter conhecido o dono da Alvarez & Marsal, Eduardo Seixas, antes de trabalhar na empresa. “É um monte de fantasia”, rebateu.

Também negou rumores de que estaria de saída do Podemos ou de que haveria uma debandada de filiados do partido em curso. “Só se for debandada para o Podemos. Esse é o caminho pelo qual vamos arrebentar a polarização”, disse.

Moro afirmou trabalhar “por um país melhor, sem Lula e sem Bolsonaro”. “Começa a formação de uma terceira via, uma alternativa a essas propostas extremas do país, com a união de um movimento e um partido político”, completou.