A notícia de que a provedora global de índices MSCI excluiu a Rússia dos seus índices de mercados emergentes pode ser boa para a América Latina, segundo análise do Itaú BBA. O banco estima que, mantida a fatia de 9,33% da região no índice geral de emergentes, a América Latina poderia ter um fluxo de US$ 2,12 bilhões com a exclusão russa. Só para o Brasil, o fluxo seria de US$ 1,34 bilhão.

Atualmente, a Rússia tem uma fatia de 1,47% no MSCI Emergentes, ante 4,97% do Brasil, 2,02% do México, 0,43% do Chile, 0,25% do Peru e 0,19% da Colômbia. A exclusão dos russos valerá a partir do próximo dia 9. Com a derrocada dos ativos russos nos últimos dias, a participação do país já vem caindo fortemente. Na última revisão trimestral, em 22 de fevereiro, a fatia russa era de 3,41%.

“A exclusão da Rússia resultará em saídas de US$ 5,9 bilhões de investidores passivos e US$ 21,2 bilhões de investidores ativos. Normalmente, analisamos apenas os fluxos de investimentos passivos, pois eles devem seguir os pesos atuais do índice, enquanto os investimentos ativos não precisam – mas dado que a Rússia será praticamente removida do índice, acreditamos que é importante mostrar também os fluxos potenciais ativos”, diz o Itaú BBA.

O banco lembra que nas últimas duas décadas tanto o Brasil quanto o México foram claramente perdedores, em relação a outros mercados no índice da MSCI. Por outro lado, mercados como China, Taiwan e Índia ganharam mais participação. “Claro, isso significa que historicamente, a comunidade de investimentos parece ter favorecido os países asiáticos sobre os latinos, o que tem sido a norma nos últimos dez anos. Dito isto, acreditamos que um argumento poderia ser feito para a região da América Latina, que agora tem uma oportunidade interessante de reconquistar participação.”

O Itaú BBA reconhece que a América Latina tem riscos, especialmente políticos, mas diz que, avaliando a participação da região nos índices e o valuations atuais, a região representa uma oportunidade que não pode passar despercebida. “O Brasil está negociando a apenas 7 vezes o múltiplo preço/lucro, enquanto a América Latina está sendo negociada a 8,7 vezes. Quando comparamos esses valuations com os dos outros países já mencionados, vemos uma possibilidade notável de a América Latina não apenas passar por uma reavaliação, mas também recuperar o peso no índice.”

Para os analistas, no atual cenário geopolítico, a atenção dos investidores pode se deslocar para a região da América Latina, “que não só oferece avaliações baratas, “mas está abaixo do seu peso histórico no índice há algum tempo”.

Valor Econômico