O Fantástico comprou uma sucata – que um dia foi um carro da Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul – legalmente, em um leilão oficial, com o conhecimento da polícia.

Fizemos isso para você entender como funciona o mais novo golpe das quadrilhas de ladrões de automóveis em todo o Brasil. Elas compram carros da polícia em leilões oficiais para aproveitar o chassi com a numeração original e, assim, legalizar carros roubados.

Em 2010, o aposentado Carlos Roberto Santos da Silva perdeu o carro em um assalto. Oito meses depois, a polícia apreendeu um veículo que tinha uma peça com a numeração do carro dele. Só que o chassi, e também os documentos e o número das placas, eram de um carro da Polícia Rodoviária Federal de Florianópolis, comprado há cinco anos em um leilão oficial em Porto Alegre.

“Esquentaram a minha caminhonete com o documento daquele carro”, diz seu Carlos.

Segundo os policiais que investigam o caso, o veículo não poderia ter sido leiloado porque era sucata. A superintendência da Polícia Rodoviária Federal alega que o carro podia ser recuperado, mas isso ficaria caro porque a frota da polícia não tem seguro.

“O problema foi o mau uso de quem adquiriu. Infelizmente, a polícia não tinha como evitar isso aí”, afirma Lindomar Cristani dos Santos, superintendente da Polícia Rodoviária Federal do Rio Grande do Sul.

Segundo o Conselho Nacional de Trânsito, o carro que teve perda total em um acidente deve ser classificado como irrecuperável. É preciso dar baixa nos arquivos do Detran. A licença e a placa devem ser canceladas, e o que sobrou do carro só pode ser vendido como sucata.

Quem determina a liberação de carros e sucatas para a venda é o órgão proprietário do veículo, e cada estado tem uma regra diferente. Mas, na prática, o que se vê são automóveis totalmente destruídos, negociados e vendidos sem nenhuma restrição. (Fantástico)