Por Rudolfo Lago

A mexida levou três meses para afinal ser feita. Alguns detalhes ainda restam para que seja finalmente saciada a fome do Centrão por cargos e verbas. Mas, na prática, o que deverá de fato significar para a ampliação da base do governo a entrada no primeiro escalão do deputado André Fufuca (PP-MA) no Ministério do Esporte e do deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) em Portos e Aeroportos? “Na prática, pode significar nada ou muito pouco”, resume, em análise para o Correio da Manhã, o cientista político André Cesar, da Hold Assessoria.

Ao aceitarem os cargos de ministros, tanto Fufuca quanto Sílvio Costa Filho foram instados a pedir licença dos cargos que exercem em seus partidos. Fufuca irá licenciar-se do cargo de direção no PP, e consequentemente, da liderança que exercia na Câmara dos Deputados. E Silvio Costa Filho já pediu licença da presidência do Republicanos em Pernambuco.

Após o anúncio de que Silvio Costa Filho iria para o Ministério de Portos e Aeroportos, o Republicanos divulgou nota em que declara a sua independência com relação ao governo Lula. Ou seja, o partido não integrará a base de Lula. E continuará tendo notórios oposicionistas nos seus quadros. Casos do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e dos senadores Hamilton Mourão (RS) e Damares Alves (DF).

Situação igual vislumbra o PP. O partido não integrará a base de Lula. É presidido por um oposicionista, o ex-ministro da Casa Civil no governo Jair Bolsonaro e atual senador Ciro Nogueira (PP).

Na verdade, a entrada dos dois ministros reforça o comando do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Que lidera um grupo grande de deputados de forma suprapartidária. Esse comando poderá ficar fortalecido, e isso poderá gerar alguma tranquilidade maior a Lula. Mas a definição de fato do tamanho da sua base continuará sendo uma coisa incerta.

“Os dois ministros novos provavelmente não irão alterar a realidade que se viu no primeiro semestre, e as dificuldades decorrentes disso”, avalia André Cesar. “O governo continuará tendo que negociar com o Centrão projeto a projeto”.

Se por um lado o ganho na base com a entrada dos novos ministros é incerto, há um risco latente de problemas com os aliados de primeira hora, quando se veem ameaçados pela mexida.

“Enquanto isso, o PSB vê reduzido o seu naco de poder no governo. Como irá na prática reagir a isso?”, questiona André Cesar. Artífice da aliança entre Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin, Márcio França perdeu Portos e Aeroportos e ganhou como prêmio de consolação Pequenas e Médias Empresas, ou Empreendedorismo, que é um apêndice do Ministério da Indústria e Comércio comandado por Alckmin. “Isso será deglutido sem problemas pelo PSB?”, pergunta o cientista político.

E o apoio de setores que vêm sendo atingidos na movimentação? Caso, primeiro, do Turismo, com a troca de Daniela Carneiro por Celso Sabino, e agora do Esporte, com a substituição de Ana Moser por André Fufuca.

“Muito provavelmente, haverá uma nova mudança ministerial no final do ano. Mas terá o governo de fato clareza do que politicamente isso representa?”, questiona André Cesar. “O terceiro governo Lula compreendeu de fato as novas peculiaridades da sua coalizão política?”.

Blog do Magno

Foto: Alex Silva/Estadão Conteúdo.

A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de Silva de acomodar um partido do Centrão no Ministério de Portos e Aeroportos provocou uma crise no PSB. Diante da contrariedade do ministro Márcio França, atual titular da pasta, Lula pediu ao vice Geraldo Alckmin para resolver o impasse com o aliado antes da reunião do PSB com ele, nesta terça-feira, 5. O presidente quer definir a situação do partido na Esplanada nas próximas horas.

França não escondeu a irritação com o aviso prévio e disse, em conversa a portas fechadas, que preferia deixar o governo a assumir o novo ministério da Pequena e Média Empresa, anunciado por Lula na semana passada. Ao que tudo indica, porém, essa 38.ª pasta não sairá do papel, ao menos por enquanto, porque nem França nem o Centrão estão interessados nela.

Lula já acertou a entrega do Ministério de Portos e Aeroportos para o deputado Sílvio Costa Filho, vice-presidente do Republicanos, partido que integra o Centrão. Pernambucano, Costa Filho é aliado de Lula, mas a maior parte do Republicanos apoiou a frustrada tentativa do então presidente Jair Bolsonaro (PL) de se reeleger.

Para fechar a reforma ministerial, Lula depende, agora, de um acerto com França, justamente o homem que ajudou a aproximá-lo de Alckmin, no ano passado. À época, a chapa dos dois históricos adversários políticos ficou conhecida como Lula com Chuchu, apelido de Alckmin. França também desistiu da disputa ao Palácio dos Bandeirantes, a pedido de Lula, e emplacou sua mulher, Lúcia, como vice na chapa de Fernando Haddad, hoje ministro da Fazenda.

Em 2014, o atual ministro de Portos e Aeroportos foi eleito vice-governador de São Paulo em dobradinha com Alckmin. França se tornou governador por alguns meses, em 2018, quando o então tucano renunciou para concorrer à Presidência. Tentou se reeleger ao Palácio dos Bandeirantes, mas perdeu para João Doria.

Estadão

Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Lula demitiu a ministra do Esporte, Ana Moser, nesta terça-feira (5/9). A demissão aconteceu durante uma conversa de cerca de uma hora entre eles no final da tarde, no Palácio do Planalto. Ana Moser foi demitida na esteira da reforma ministerial que o presidente da República fará nas próximas horas para abrir espaço para o PP e para o Republicanos no governo federal.

Moser foi a segunda ministra mulher demitida por Lula para dar espaço ao Centrão. A primeira foi Daniela Carneiro, retirada do Ministério do Turismo a pedido do União Brasil.

Como vem noticiando a coluna, o comando do Ministério do Esporte deverá ser entregue por Lula para o deputado André Fufuca (AM). Ele é o atual líder do PP, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira.

Na mesma reforma, Lula deve nomear o também deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) como ministro dos Portos e Aeroportos, cargo ocupado hoje por Márcio França (PSB).

Metrópoles

A grita do presidente do PSB, Carlos Siqueira, contra partidos de centro no governo, faz todo o sentido: os cargos ocupados pelo seu partido foram colocados na mesa de negociação pelo próprio Lula (PT). O presidente avalia que sua prioridade é aliciar os partidos de centro, para que integrem uma bancada de fidelidade canina ao governo, como é o caso do PSB. Até porque os socialistas estão bem atendidos: Lula acha que ressuscitou Geraldo Alckmin tornando-o vice e ministro de Estado.

Ao Republicanos agrada o Ministério de Portos e Aeroportos, onde Márcio França (PSB) tem atuação medíocre, mal falada até no governo. O Porto de Santos, território de França, opõe o governo federal ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, filiado… ao Republicanos.

Tarcísio já mostrou a Lula a defesa da privatização do Porto de Santos, dificultada pelas concepções atrasadas do atual ministro. Além da vice, o PSB levou o Ministério de Justiça, com grande poder, e Desenvolvimento Indústria, Comércio e Serviços, de Alckmin.

Diário do Poder/Claudio Humberto

Nas negociações para aprovar o pacote completo de medidas econômicas (reforma tributária, PL do Carf e marco fiscal) e entrar de vez na base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o centrão está pedindo para ficar com o comando de dois ministérios, quatro estatais e um incremento de R$ 10 bilhões em emendas no segundo semestre, além do que já está previsto no orçamento.

O centrão reivindica dois ministérios: Desenvolvimento Social, chefiado por Wellington Dias (PT), e Esporte, comandado por Ana Moser. Sobre as estatais, o controle dos Correios e da Embratur é um pleito do União Brasil. O centrão quer também a presidência da Caixa Econômica Federal e a Funasa (Fundação Nacional de Saúde), que tem como presidente Francisco Américo, aliado do ministro da Casa Civil, Rui Costa. A informação é de Julia Duailibi, do G1 e da GloboNews.

Auxiliares de Lula dizem que o governo se recusou a negociar agora, “com a faca no pescoço”, em meio às votações desta semana, mas sinalizou que as tratativas serão retomadas em agosto, depois do recesso.

A fatura do centrão não inclui o Ministério do Turismo, que será comandado pelo deputado Celso Sabino (União Brasil-PA), aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Na quinta-feira (6), em meio à pressão do União Brasil para adiar a votação da reforma tributária, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, divulgou uma nota oficializando a escolha de Sabino.

As pastas e órgãos desejados pelo centrão são todos controlados por quadros ligados ao PT ou partidos próximos. As substituições podem implicar na redução da participação feminina no primeiro escalão do governo, já que há órgãos cobiçados que são chefiados por mulheres.

Segundo Julia, o governo está disposto a ceder em alguns pontos, abrindo espaço para Republicanos e PP na Esplanada, mas considera a fatura pedida pelo centrão muito alta.

A abertura de diálogo deve ser suficiente para destravar as votações do PL do Carf e do arcabouço ainda antes do recesso, mas o centrão pede mais para que de fato os partidos do grupo formem uma base de sustentação sólida.

Pedido “blocado”

Segundo interlocutores no Planalto e fontes no Congresso, o centrão fez um pedido “blocado”, ou seja, sem especificar quais ministérios e estatais devem ficar com quais partidos. Os representantes do centrão na negociação são os líderes de Elmar Nascimento (União Brasil-BA), André Fufuca (PP-MA), Hugo Motta (Republicanos-PB) e até Altineu Côrtes (PL-RJ).

A presença do PL no bloco se justifica pelo fato de que a bancada do partido no Nordeste é mais próxima do lulismo e também almeja espaço no governo.

R$ 10 bilhões em emendas

De acordo com fontes do governo, o centrão pediu um incremento de R$ 10 bilhões no orçamento das emendas para o segundo semestre. Para liberar o dinheiro, o Executivo teria de abrir um crédito extraordinário no orçamento, conhecido, no jargão político, como “jumbão”.

O orçamento de 2023 tem cerca de R$ 36 bilhões em emendas individuais, de bancada e de comissão, o maior valor já destinado para emendas na história. Além disso, o governo dispõe de R$ 9,8 bilhões na rubrica RP-2, dinheiro que o Executivo herdou do orçamento secreto após decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de proibir as emendas do relator. Embora a RP-2 não seja uma emenda, o recurso é usado pelo governo para negociações com o parlamento.

Até hoje Arthur Lira e o centrão tentam reaver o controle desse recurso. Os R$ 10 bilhões adicionais seriam para cobrir o dinheiro perdido com a decisão do Supremo.

Portal 98FM

TRIBUNA DA INTERNET | “Políticas sociais” são a senha para Lula entrar na montanha de dinheiro à espera das canetas

Charge do Erasmo (Arquivo Google)

Por Bernardo Mello Franco / O Globo

A frase ganhou as manchetes e causou revolta entre padres e bispos. Líder do Centrão na Constituinte, o deputado Roberto Cardoso Alves exigia mais cargos no governo para aprovar a extensão do mandato de José Sarney. Ao defender a barganha, citou um trecho da Oração de São Francisco de Assis. “É dando que se recebe”, disse, em janeiro de 1988.

Trinta e cinco anos depois, o deputado Luciano Bivar reciclou a máxima de Robertão. Na terça-feira, o presidente do União Brasil fez uma série de cobranças para apoiar projetos enviados pelo Planalto. Sem corar, subordinou os votos na Câmara à entrega de cargos na máquina federal. “Quanto mais espaços tivermos no governo, mais apoios poderemos garantir”, declarou.

LISTA DE COMPRAS – Em entrevista ao Globo, Bivar apresentou uma espécie de lista de compras. Reivindicou a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). Os três órgãos são mais disputados do que muitos ministérios. Movimentam bilhões de reais por ano e têm presença assídua no noticiário de corrupção.

Lula se elegeu sem maioria no Congresso. Precisa ampliar sua base para governar. A negociação de cargos faz parte da política. O problema é quando descamba para a chantagem explícita. O presidente entregou já três ministérios ao União Brasil: Turismo, Integração Nacional e Comunicações.

TRÊS MANCADAS – Por sua conta e risco, aceitou nomear Daniela Carneiro (Daniela do Waguinho), que mantém elos com milicianos da Baixada Fluminense, e Waldez Góes, condenado pelo STJ por desvios no Amapá. Completa o trio o ministro Juscelino Filho, que usou verbas do orçamento secreto para asfaltar a estrada que passa por sua fazenda no Maranhão.

Apesar de ter abocanhado as três pastas, o União Brasil não saciou seu apetite. Quer mais cargos no segundo e terceiro escalões do governo. Bivar não deve levar tudo o que deseja, mas seu partido já foi avisado de que manterá o comando da Codevasf. O órgão continuará sob as ordens de um preposto do deputado Elmar Nascimento.

CONTROLE TOTAL – O líder do União Brasil na Câmara começou a controlar a Codevasf em 2019, primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro. Desde então, auditorias do Tribunal de Contas da União e da Controladoria-Geral da República apontaram diversas irregularidades: de indícios de superfaturamento a obras de pavimentação que desmancham com a chuva. Ao manter o órgão nas mãos do mesmo grupo político, Lula assume o risco de virar sócio de novos escândalos.

Quando Robertão tentou envolver São Francisco em seu cambalacho, o bispo de Juazeiro lembrou que a oração não tratava da troca de cargos por apoio político. “Os benefícios e o dinheiro são do povo, não podem ser barganhados dessa maneira”, disse dom José Rodrigues. Os articuladores do novo governo deveriam ouvir o bispo antes de negociar com a dupla Bivar & Elmar.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) guardou para a última semana de 2022 o anúncio dos últimos nomes que vão compor sua equipe ministerial a partir do ano que vem.

Em meio aos 16 ministérios que não tiveram os titulares anunciados, há alguns que reúnem mais atenção, seja pelo poder envolvido, pela exposição política ou pelas altas cifras que comandam.

É nesse “filé” que os três principais partidos de centro e centro-direita que circundam o governo eleito estão concentrados. São oito pastas em disputa para o MDB, PSD e União Brasil. A equipe de transição já tem um desenho de como seria essa distribuição, mas ainda há alguns entraves.

Fontes ouvidas pela CNN dizem que o PSD deve ficar com indicações para o Ministério da Agricultura e o de Minas Energia.

Há ainda a possibilidade de um terceiro ministério para a sigla para atender a deputados federais. Inicialmente, o nome apresentado ao governo eleito foi o do deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), próximo ao prefeito do Rio, Eduardo Paes. Por causa de acusações passadas de violência doméstica, o nome perdeu força.

Já o MDB deve ser contemplado com três pastas. Uma delas para a senadora Simone Tebet (MS), que se reuniu com Lula na sexta-feira (23), mas ainda não bateu o martelo sobre a vaga a ser ocupada.

A maior possibilidade no momento, segundo fontes do partido ouvidas, é que ela fique com o Ministério do Meio Ambiente –caso haja um entendimento junto à deputada eleita e ex-ministra Marina Silva (Rede).

Além disso, em reunião com o presidente eleito Lula nos últimos dias, o partido também recebeu indicativos de outras duas pastas que seriam oferecidas ao MDB: o Ministério das Cidades e o dos Transportes.

É aí que surge um dos impasses. O Ministério das Cidades também é do interesse do União Brasil, partido criado a partir da união do DEM (ex-PFL) com o PSL (partido pelo qual Bolsonaro foi eleito em 2018).

O União já recebeu indicativo de que o partido poderia ocupar o Ministério da Integração Nacional. O líder da legenda na Câmara, Elmar Nascimento (BA), e o senador Davi Alcolumbre (AP) se reuniram com Lula nos últimos dias para discutir como o partido poderia ocupar cargos na Esplanada.

Ainda há nessa conta o Ministério do Turismo, que é atrativo pela visibilidade que a pasta proporciona em um país com alto potencial turístico como o Brasil, e o Ministério do Planejamento, que concentra muito poder na Esplanada por ficar responsável pelos recursos do governo federal.

Há ainda outras pastas que não tiveram seus ministros anunciados até aqui. O Gabinete de Segurança Institucional deve ser ocupado pelo general da reserva Marco Edson Gonçalves Dias (conhecido como GDias), que atuou na segurança pessoal de Lula no primeiro mandato.

A Secretaria de Comunicação Social e os ministérios das Comunicações e do Desenvolvimento Agrário devem ficar com o PT. Para o Ministério do Esporte, o nome mais cotado é o da ex-jogadora de vôlei Ana Moser.

No Ministério dos Povos Indígenas, os nomes da deputada eleita Sônia Guajajara (PSOL) e da deputada Joênia Wapichana (Rede) são os com maior chance de serem indicados.

O Ministério da Previdência Social e o da Pesca e Aquicultura ainda não têm uma definição e devem servir para atender a partidos de menores bancadas no Congresso.

CNN Brasil

A janela de oportunidades aberta pela PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da transição no balcão de negócios da política em Brasília fez crescer os olhos do centrão. Em meio às negociações, partidos até então da base do presidente Jair Bolsonaro (PL), colocaram o pé na porta para articular espaços no próximo governo, de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na última semana, outras preocupações mais urgentes dos parlamentares, como o bloqueio de emendas, colocaram a prioridade de Lula em segundo plano no Congresso. O grupo colocou na balança o pagamento dos recursos em troca de apoio à PEC, que sequer teve o texto concluído e encaminhado às lideranças partidárias. As informações são do UOL. Há, ainda, uma série de reivindicações que travam o andamento da proposta, como a formação de blocos partidários, a eleição da Presidência da Câmara e do Senado e o prazo para o pagamento do Bolsa Família fora do teto de gastos. Aliados de Lula correm contra o relógio para barganhar um melhor cenário no Congresso, uma vez que não elegeu uma das maiores bancadas nas duas Casas.

Foto: Renato Souza/R7

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (9) que o PT precisa “aprender a conversar” com o centrão sobre as propostas do partido. Para o petista, é preciso manter o diálogo aberto com os poderes, sem deixar a autonomia de lado, e buscar apoio do Congresso Nacional para dar encaminhamento as pautas que serão trabalhadas pela gestão do futuro governo.

“Temos de lidar com quem pensa diferente da gente. O centrão é uma composição de vários partidos, e [o vice-presidente eleito, Geraldo] Alckmin [do PSB], eu e o PT temos de aprender a conversar e tentar convencê-los das nossas propostas”, afirmou Lula, durante uma entrevista no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Vamos fazer com muita competência, porque o Brasil não tem mais tempo de ficar se batendo, se xingando e se criticando. Não acredito que o Congresso vá criar problema. Não cabe ao presidente da República interferir no funcionamento da Câmara e do Senado, são poderes autônomos”, complementou o presidente eleito.

As declarações à imprensa ocorreram após um encontro de Lula com os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL); do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber; e do TSE, ministro Alexandre de Moraes.

R7
Líderes de partidos de centro, representantes de 5 das 7 maiores bancadas eleitas para a Câmara, articulam a formação de um bloco com cerca de 300 deputados que, se bem-sucedida, pavimentará a reeleição de Arthur Lira (PP-AL) à Presidência da Casa e garantirá às legendas o comando de todas as principais comissões. Em uma videoconferência com representantes do mercado financeiro nesta 3ª feira (1º.nov.2022), o líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), afirmou que o “blocão” em discussão seria composto, além da sua própria legenda, por PL, PP, PSD, Republicanos e PSDB. Juntas, somam 301 deputados eleitos.  As informações são do Poder360. “Na segunda-feira (31) mesmo, nós tivemos várias reuniões sobre isso com o presidente da Câmara, que está tentando ser reproduzido no formato de fazer um blocão [que] asseguraria a esses partidos não só a eleição da Mesa Diretora da Câmara como o predomínio sobre todas as comissões do Poder Legislativo”, afirmou Elmar na reunião virtual. Nos últimos meses, houve um princípio de conversa entre o União Brasil e o PP para uma possível fusão, mas a legislação que rege partidos políticos impõe um intervalo mínimo de 5 anos para uma nova junção de legendas —a criação do União Brasil, fruto da fusão dos extintos DEM e PSL, foi aprovada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em fevereiro de 2022.
Diante dos olhos das principais elites da economia brasileira Jair Bolsonaro repete uma conhecida trajetória. De mal menor, está virando aos olhos dessas elites o pior dos males. O mesmo aconteceu com Fernando Collor e Dilma Rousseff. Há importantes diferenças no comportamento dessas elites que, em parte, espelham a perda de coesão institucional e o esgarçamento do tecido social brasileiro, além da forte regionalização da nossa política. Refletem também a alteração dos “pesos relativos” no PIB e na política entre indústria, agroindústria, setor financeiro e varejo. E diferentes mentalidades, que impedem o surgimento de lideranças e ações comuns. Ninguém mais fala pelo “todo” das elites econômicas.

Via  Blog do Camarotti

Três partidos do bloco conhecido como “Centrão” — PP, PSL e PRB — avançaram nos últimos dias em tratativas para se fundirem em uma única sigla. O novo partido terá a missão de ampliar a governabilidade de Jair Bolsonaro junto ao Congresso, em um movimento considerado essencial para o presidente neste momento.

Não por acaso, as articulações são feitas pelo próprio ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, que é presidente licenciado do PP. O partido já nasceria com a maior bancada da Câmara dos Deputados — 126 deputados, na hipótese de todos os parlamentares das três legendas migrarem para o novo partido. Atualmente, as maiores bancadas são as do PSL e do PT, com 53 deputados cada uma.

A negociação, no entanto, inclui um consenso inusitado: o próprio presidente, hoje sem partido, não poderia se filiar à nova sigla. Para se candidatar à reeleição em 2022, Bolsonaro terá que se filiar a algum partido. Por esse acordo, mesmo com as três siglas unificadas, o presidente teria que se filiar a uma legenda menor para concorrer no próximo ano.

Os líderes do partidos ainda estão traumatizados com a forma ruidosa como Bolsonaro deixou o PSL em 2019. O presidente chegou a ensaiar a criação de um partido próprio, mas a coleta de assinaturas exigida pela legislação não prosperou.

Aliado de Jair Bolsonaro no Congresso, o Centrão se dividiu para a disputa de 2022 e uma importante ala do bloco avalia que a chance de o presidente conquistar o segundo mandato está cada vez mais distante. Em conversas reservadas, o núcleo do Progressistas, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), e do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, tem traçado esse cenário e aposta que a eleição para o Palácio do Planalto pode até mesmo ser decidida no primeiro turno, se o presidente não mudar radicalmente o comportamento e a população não sentir no bolso uma melhoria econômica. O diagnóstico marca uma mudança significativa na avaliação de políticos próximos do Planalto. Até então, o palpite era de que Bolsonaro voltaria a ser competitivo novamente no ano que vem com crescimento econômico e com um novo Bolsa Família, agora batizado de Auxílio Brasil. Apoiadores do presidente também argumentavam que, com todo mundo vacinado, ninguém mais se lembraria do desastre na gestão da pandemia de covid-19. O que mudou? Com inflação, juros e desemprego em alta, a população sente os efeitos da deterioração econômica e do aumento do preço dos alimentos, do  gás de cozinha, da conta de luz e da gasolina. Não se trata de uma situação vista como passageira e, além de tudo, é agravada por uma nova onda da pandemia, crise hídrica e arroubos autoritários de Bolsonaro, que investe em ameaças à democracia e em conflitos institucionais.
29
jun

Opinião: Lula em busca da direita

Postado às 11:01 Hs

Mesmo proibido pela pandemia de viajar pelo País, como deseja depois de ter perdoado todos os seus pecados pelo maior assalto aos cofres públicos da história republicana, pelo suspeito ministro Edson Fachin, do STF, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem feito articulações na tentativa de ampliar as alianças contra Jair Bolsonaro em 2022.

Já conseguiu aparar algumas arestas, mas o petista, apesar de reconhecido como um exímio articulador político, está longe de se viabilizar como o candidato que consiga agregar um espectro mais amplo do centro político brasileiro. Até o momento, só tem ainda não confirmado, oficialmente, o apoio do PSB por razões que a própria razão não desconhece: o interesse da legenda socialista se manter no poder em Pernambuco.

É atribuída a ele a articulação para o governador do Maranhão, Flávio Dino, abandonar o PCdoB e ingressar no PSB, assim como a filiação do deputado Marcelo Freixo, que deixou o Psol, para tentar o Senado pelo Rio de Janeiro. A desistência do apresentador de televisão Luciano Huck de disputar a presidência em 2022 expôs as dificuldades de partidos de centro-direita para encontrar um nome natural, com alta popularidade e chances reais de concorrer com Lula e o atual presidente, Jair Bolsonaro.

Ainda assim, o mais provável é que esse campo político apresente uma ou duas candidaturas que tentarão ser embaladas como os nomes do centro. Os próprios dirigentes petistas reconhecem que uma candidatura de Lula em 2022 ainda estaria ancorada basicamente em alianças de centro-esquerda. A novidade seria a atração do PSB, partido que era dirigido pelo ex-governador Eduardo Campos, morto na campanha presidencial de 2014 num acidente de avião, mas que permanece sob forte influência de decisão por parte do núcleo socialista pernambucano.

Um dos mais aguerridos opositores de Bolsonaro na esquerda, o governador Flávio Dino vai conduzir as alianças no Maranhão e é visto tanto como um candidato ao Senado quanto uma carta na manga para a vice-presidência numa chapa com Lula. O governador tem sido um dos articuladores da frente democrática ampla e foi inclusive procurado, em 2020, para conversas com Luciano Huck, quando ele parecia ser a promessa inovadora do centro.

Costura de alianças – “O movimento que está sendo feito agora não é de costura de alianças eleitorais. É uma costura política para fazermos um enfrentamento a Bolsonaro e ao bolsonarismo”, diz a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, acrescentando: “Temos vários setores da sociedade e políticos que, embora não pensem como a gente em termos de desenvolvimento econômico e social, pensam como a gente na defesa da democracia e têm a política como instrumento de construção para a perspectiva futura, e não o ódio, as fakes news, a mentira “.

Olho no Centrão – O objetivo de Lula e do partido neste momento, segundo a deputada federal Gleisi Hoffmann, é tentar aproximar esses setores que querem garantir o processo democrático em 2022. Para a presidente do PT, as escaladas autoritárias de Bolsonaro e suas estratégias deixam claro que há, sim, um risco para o processo eleitoral do próximo ano. “Precisamos ter um campo político amplo e unido para assegurar o processo eleitoral e democrático e não permitir nenhuma saída autoritária “, afirma. Traduza por amplitude política o apoio da direita, notadamente do Centrão, que Lula vem perseguindo.

Via blog do Magno 

02
fev

Jair Bolsonaro divide o centro e mira 2022

Postado às 12:45 Hs

Via Blog do Magno Martins

O presidente Jair Bolsonaro jogou todas as fichas nas eleições para os comandos da Câmara e do Senado já de olho em 2022. Especialmente na Câmara, deu sinal verde para fazer o que fosse possível – com liberação de emendas e negociação de cargos – para a vitória de Arthur Lira.

Segundo os próprios integrantes do Centrão ouvidos pelo blog, o cálculo de Bolsonaro teve dois aspectos fundamentais: a sobrevivência imediata, para garantir a governabilidade e evitar um processo de impeachment; e a divisão dos partidos de centro, especialmente DEM, PSDB e MDB.

Para tentar a reeleição em 2022, interessa ao presidente Bolsonaro manter a polarização com o PT e evitar a unidade do centro em torno de uma candidatura competitiva. Por isso, o racha do DEM, de Rodrigo Maia, foi o principal troféu de Bolsonaro nessa disputa.

Depois de derrotas nas eleições municipais do ano passado e do ex-presidente Donald Trump na sucessão americana, Bolsonaro passou a jogar todas as fichas na sucessão para os comandos do Congresso.

Mas isso terá seu preço imediato. O Centrão já começa a cobrar cargos no primeiro escalão e estatais. E Bolsonaro ficará cada vez mais refém da sua base, perdendo o discurso de campanha de quem criticava a  chamada “velha política” e o “toma-lá-dá-cá”.

Ao mesmo tempo, ao apostar nessa divisão, Bolsonaro mantém um clima de guerra na Câmara dos Deputados. Isso trará uma dificuldade extra na agenda de reformas, uma prioridade da equipe econômica. Caso não haja um movimento de pacificação por parte do governo, a janela para a aprovação da pauta econômica pode ser perdida.

Nos dois primeiros anos do seu Governo, o presidente Bolsonaro choramingou a má vontade do Congresso para avançar nas reformas exigidas pela sociedade e na falta de uma mão dupla para se enxergar um palmo à frente em projetos que pudessem consolidar novos tempos no País alavancados por uma gestão empreendedora. O culpado, embora tenha tido importante papel na reforma da Previdência, tinha nome e sobrenome: Rodrigo Maia (DEM-RJ), que se despede hoje do comando da Câmara dos Deputados.

Maia sai e passa a ter sucessores, e não apenas um sucessor, um robusto grupo que atende pelo nome de Centrão, liderado pelo alagoano Arthur Lira (PP). Casado com os conservadores e fisiologistas do baixo clero, o voto mais caro do Congresso, Bolsonaro perde o discurso da vitimização. Todo bolsonarista roxo embarca no discurso do presidente, de que deputados e senadores, que só enxergam do umbigo para baixo, não zelam pelos interesses mais nobres da sociedade.

Era muito fácil até então culpar o Congresso. A partir desta página que se abre hoje, as vitórias do Governo terão um preço caro: o Centrão custa uma baba ao País, enfia a espada sem dó e sem piedade nos cofres da Nação toda vez em que aprova projetos e medidas provisórias enviadas ao parlamento pelo Governo. O Centrão vai encher o saco de Bolsonaro, chega com um bocão do tamanho de um jacaré. Sai a fase Bolsonaro refém de Maia, entra a fase dele prisioneiro do Centrão. Cada facada do Centrão vai ser um soco no estômago da sociedade.

Bolsonaro ganha, por outro lado, um adversário rancoroso e temente no bloco da oposição: o próprio Rodrigo Maia, que se alia aos esquerdóides preocupados com a única pauta, a de criar de dificuldades para o Governo e alimentar um ambiente favorável ao impeachment, temática que, a princípio, sai da ordem do dia, mas que pode surgir a qualquer momento mediante a relação do presidente com o Centrão.

Custa caro um Congresso dominado e subserviente. Na Casa Alta, o Senado, também estará tudo dominado, como já é, hoje, com Davi Alcolumbre. Sai o anão do Amapá, que nunca teve dimensão nem estatura para o cargo, entra Rodrigo Pacheco, também democrata, das alterosas montanhas mineiras de Tancredo Neves, que ensinou que o Brasil não admite nem o exclusivismo do governo nem da oposição, porque governo e oposição, acima dos seus objetivos políticos, têm deveres inalienáveis com o povo.

Fonte: Blog do Magno

As maiores dificuldades enfrentadas por Jair Bolsonaro até hoje no Congresso tiveram duas origens principais: 1) a insistência do presidente em desprezar a política como um todo e 2) a atitude independente de Rodrigo Maia, que segurou inúmeras pautas vindas do Executivo. Bolsonaro já entendeu que precisa criar vasos comunicantes com o que chama de “velha política”. Aproximou-se do Centrão. Faltava ao presidente ter um deputado aliado no comando da Câmara para harmonizar suas ideias com o que o Congresso aceita aprovar e pautar. Com a decisão do STF (leia aqui um alentado relato que o Poder360 publicou ontem, sinalizando o que estava por acontecer), Bolsonaro deve conseguir ajudar a eleger alguém do seu grupo para ocupar a cadeira que está há quase 5 anos com Rodrigo Maia. O presidente da República é o maior vencedor com o rumo tomado pelo Supremo. É muita coisa o que está prestes a acontecer. Placas tectônicas da política vão se mover. Uma nova configuração de forças emergirá em Brasília a partir de 2021.
21
jun

Opinião: Corsários velhos e velhacos

Postado às 13:40 Hs

O centrão é a designação imprópria da tripulação composta por indolentes mandriões da política, cuja bússola é a expropriação. O batismo da esquadra embute lendas. O aumentativo ilude. Se vendem como porta-aviões, mas não passam de barcaças solteiras do réveillon de Copacabana, de luminosidade efêmera. No Senado é um navio fantasma, inexiste. Buzinam uma falsa coesão ideológica, de moderação entre extremistas, e âncoras da estabilidade e previsibilidade. Mas o mercantilismo é o único lastro que une essa nau de bandeira pirata. O liberalismo é retórico, desmentido pelo apego ao estado inchado, aparelhamento da máquina pública, compadrio, desprezo às carreiras e aversão às privatizações. Na borda ética é um nó. Muitos oficiais e marujos são investigados, suspeitos ou já amargaram os porões da cadeia por surrupio. São hematófogos que ressuscitam na iminência dos tsunamis, intrínsecos ao presidencialismo. Alguns lobos do mar são imorredouros, como Roberto Jefferson e Valdemar Costa Netto. Sentenciados que se prontificam até a pilhar a própria democracia pela mamata. Há tentativas de modernizar a armada, com novos tenentes remando em nome de oligarcas desgastados. Todas gerações desprezam conceitos básicos da democracia, cidadania, ética ou interesse público diante da promessa de moedas e barras de ouro do baú estatal.
abr 23
terça-feira
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