As contas públicas estão desequilibradas e o presidente eleito, Jair Bolsonaro, assumirá o governo com um Orçamento que não será suficiente para cobrir as despesas pelo sexto ano consecutivo. Especialistas ouvidos pelo Correio são unânimes ao afirmar que resolver esse problema fiscal é o maior desafio do próximo governo. Sem isso, o país poderá mergulhar em uma nova recessão e, para piorar, a inflação voltará em níveis preocupantes. Para que o país volte a registrar superávit primário (economia para o pagamento da dívida pública), alertam, será preciso um ajuste forte nos gastos obrigatórios, principalmente nas despesas que mais pesam nas contas públicas: Previdência e pessoal. “A falta de equilíbrio fiscal acaba condicionando a expectativa do PIB e o investimento no país. Portanto, a questão fiscal é o ponto determinante para definir a trajetória de crescimento da economia nos próximos anos”, explica o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), José Ronaldo de Castro Souza Júnior. Ele alerta para o fato de que, se o novo governo não atacar essa questão de frente, a reversão do déficit primário só ocorrerá a partir de 2023, ou seja, após o fim do mandato de Bolsonaro, que se iniciará em janeiro.