Das 530.000 pessoas portadoras do vírus HIV no Brasil — uma incidência de 0,4% da população entre 15 e 49 anos — 135.000, ou 25,4%, não sabem que estão infectadas. Além disso, 30% chegam ao serviço de saúde já com o sistema imunológico comprometido pelo vírus causador da aids. As estimativas foram apresentadas pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira. Ainda de acordo com o Ministério, em 2011 foram registrados 38.800 novas infecções, sendo que quase metade ocorreu entre homens de 15 a 24 anos de idade que mantêm relações sexuais com outros homens.
O Ministério ainda indicou que a taxa de mortalidade relacionada ao vírus HIV caiu 12% na última década. Em 2011, foram registrados 5,6 óbitos para cada 100.000 habitantes, enquanto, em 2000, esse número foi de 6,3 mortes por 100.000 habitantes.
Segundo o ministro Alexandre Padilha, 217.000 pacientes infectados pelo vírus HIV recebem tratamento com antirretrovirais. “Isso não quer dizer que todos os outros que seguem o tratamento receberam indicação para a terapia”, afirmou. Os dados do Ministério também mostraram que aproximadamente 73% de todas as pessoas que começam a terapia antirretroviral no Brasil apresentam uma carga negativa — ou indetectável — de vírus no organismo após seis meses de tratamento. Esses pacientes, portanto, estão vivendo mais e com uma melhor qualidade de vida.(Veja)
Enquanto a transmissão vertical -mãe-bebê do HIV vem caindo no Brasil, a tendência é de alta nas regiões Norte e Nordeste, segundo dados reunidos pelo Ministério da Saúde. A taxa nacional de incidência da Aids em menores de cinco anos passou de 5,4 casos por 100 mil habitantes em 2000 para 3 em 100 mil em 2009. Nesse período, a taxa passou de 1,9 para 4 em 100 mil no Norte e de 1,4 para 2,3 por 100 mil no Nordeste.
A incidência do HIV entre crianças de até 5 anos é usada pelo governo como espelho da chamada transmissão vertical -principal causa de infecção nessa faixa etária. Esse tipo de contaminação pode ser evitado, com tratamento médico. Os dados são preocupantes, diz Jarbas Barbosa, secretário de vigilância em saúde do ministério. “Temos de dar um desconto porque melhoramos a detecção [do HIV], mas não há a tendência de redução que percebemos nos outros lugares. Em um país que oferece acesso universal ao antirretroviral, a gente espera a redução”, afirma.
O Sul segue a tendência de queda, mas manteve a maior taxa de incidência em menores de 5 anos -de 9,4 em 2000 para 5,8 em 2009. A feminilização da Aids, pré-natal malfeito e falta da teste de HIV em gestantes podem explicar o maior registro da transmissão vertical do HIV nessas duas regiões.
A meta do ministério é realizar o teste do HIV em 100% das grávidas em 2012 -a universalização consta do programa Rede Cegonha. Pretende-se usar o teste rápido, que detecta o vírus em minutos.
Os dados que apontam a disparidade regional da transmissão da Aids serão divulgados hoje pelo “Saúde Brasil 2010″, estudo anual do Ministério da Saúde.
O documento mostra outra doença com grande variação regional: a hanseníase. A incidência da doença em 2010 foi de 1,56 por 10 mil habitantes. No Maranhão e em Mato Grosso, a taxa foi de 9,9 e 5 por 10 mil, respectivamente.
Uma equipe de pesquisadores espanhóis criou um protótipo de vacina contra o HIV “muito mais potente” que os desenvolvidos até agora ao redor do mundo e que conseguiu uma resposta imune para 90% das pessoas sadias que foram expostas ao vírus. A descoberta foi apresentada nesta quarta-feira em entrevista coletiva pelos responsáveis pela pesquisa, Mariano Esteban, do Centro Nacional de Biotecnologia do Conselho Superior de Pesquisas Científicas da Espanha (CSIC); Felipe García, do Hospital Clínic de Barcelona, e Juan Carlos López Bernaldo de Quirós, do Hospital Gregorio Marañón de Madri.
Após manifestarem uma grande eficácia em ratos e macacos, os testes começaram a ser aplicados em seres humanos há cerca de um ano. Nesta primeira fase, a vacina foi aplicada em 30 pessoas sadias, escolhidas entre 370 voluntários. Durante o teste, seis pessoas receberam placebo e 24 a vacina. Estas últimas apresentaram “poucos” e “leves” efeitos secundários (cefaleias, dor na zona da injeção e mal-estar geral).
Por isso, foi possível afirmar que “a vacina é segura para continuar com o desenvolvimento clínico do produto”, disse Quirós. Em 95% dos pacientes, a vacina gerou defesa (normalmente atinge 25%) e, enquanto outras vacinas estimulam células ou anticorpos, este novo protótipo “conseguiu estimular ambos”, afirmou Felipe García.
Para completar, em 85% dos pacientes as defesas geradas se mantiveram durante pelo menos um ano, “que neste campo significa bastante tempo”, acrescentou. Na próxima etapa, os pesquisadores realizarão um novo teste clínico, desta vez com voluntários infectados pelo HIV. O objetivo é saber se o composto, além de prevenir, pode servir para tratar a doença.
Deu em : O Globo
Cerca de um terço dos portadores do vírus HIV na América Latina são brasileiros, segundo aponta um estudo sobre a epidemia global de Aids divulgado nesta terça-feira pela ONU.
A pesquisa, realizada pelo programa das Nações Unidas para a Aids (Unaids), também indica que 1,2 milhão de anos de vida de pacientes contaminados pelo HIV foram ganhos no Brasil entre 1996 e 2009, graças ao tratamento antirretroviral.
No entanto, segundo o estudo, a projeção do número de pessoas contaminadas com o vírus no Brasil cresceu nos últimos anos, ficando entre 460 mil e 810 mil pessoas em 2009, contra um mínimo de 380 mil e um máximo de 560 mil em 2001.
Entre 360 mil e 550 mil dos infectados com HIV no Brasil têm 15 anos ou mais, segundo informa o relatório. Já o número de mulheres adultas contaminadas no país em 2009 ficou entre 180 mil e 330 mil.
O número de mortes relacionadas à Aids no Brasil ficou entre 2 mil e 25 mil em 2009, contra um mínimo de 7,2 mil e um máximo de 24 mil em 2001. Já o número de novas infecções em 2009 se situou entre 18 mil e 70 mil.
A pesquisa indica ainda que o Brasil é um dos países de média e baixa renda com melhor situação em termo de prioridade de investimento para a prevenção do HIV. Entre zero e um, o país obteve uma nota 0,8 no índice.
A estimativa do número de infectados com o HIV nas Américas do Sul e Central cresceu pouco nos últimos anos, passando de algo entre 1 milhão e 1,3 milhão em 2001 para entre 1,2 milhão e 1,6 milhão em 2009.