Delação de Eike pode incriminar Lula, Dilma, Mantega e Pimentel, entre outros. Antes de se entregar, ainda no aeroporto internacional de Nova York, Eike Batista falou para as câmeras que o seguiam. Disse estar voltando ao Brasil para passar o país a limpo, porque era seu dever. Discursou sobre as potencialidades de nossa nação, afirmou que o Brasil está mudando e classificou a Lava Jato como “espetacular”. Elogiou também o presidente americano Donald Trump e reclamou da imprensa, levando um dos jornalistas a se defender, em tom amistoso: “A gente está tão de boa vontade, Eike! Tão querendo te ouvir!” De fato. Não pareciam estar diante de um foragido com prisão preventiva, acusado de ludibriar a Justiça para esconder a propina paga a um governador de estado. Na última entrevista antes de ser encarcerado, Eike sugeriu ter sido vítima de políticos gananciosos. Repetiu o tom de seu depoimento em Curitiba, no ano passado, em que admitiu ter dado 2,3 milhões de dólares ao marqueteiro João Santana, a pedido do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, para saldar dívidas de campanha petistas. Na ocasião, sustentou não ter alternativa senão dar o dinheiro, mas disse ter contratado uma consultoria do marqueteiro e afirmou que a corrupção não fazia parte da cultura das empresas X. Daquela vez colou, mas agora as coisas são diferentes. Caso queira fechar com o Ministério Público um acordo de delação premiada, como parece ser o caso, Eike Batista vai ter de começar a falar a língua da Lava Jato.