Carlos Chagas
Amanhã, o governador Eduardo Campos será a estrela do programa de propaganda partidária gratuita do Partido Socialista. Deverá revelar a que vem, como candidato às eleições presidenciais do próximo ano. Mais um degrau que imagina galgar, provavelmente limitado pelo insosso e inodoro slogan de que “podemos fazer mais e melhor”.
Fazer o quê, cara pálida, como linha auxiliar do Lula e de Dilma Rousseff, igualmente voltado para a satisfação dos reclamos das elites econômicas?
Não será por aí que o neto de Miguel Arraes conseguirá firmar-se, pois o lugar já está ocupado por Aécio Neves e o neoliberalismo tucano. Como também pelos dois governos do PT, mesmo voltados para o maior assistencialismo das massas.
Está, o governador de Pernambuco, numa encruzilhada. Nada feito se continuar faltando-lhe audácia para preencher o espaço vazio das reformas fundamentais nos planos social e econômico, junto com a coragem de encarar temas polêmicos que assolam a sociedade moderna. Não chegará a lugar algum caso fique apenas na promessa de manter o bolsa-família, o “minha casa, minha vida” e sucedâneos, bem como prometendo reduzir impostos do capital, desafogar as folhas de pagamento, privatizar mais patrimônio público e manter as atividades do estado a serviço das minorias financeiras.
Por exemplo: o que pretende fazer Eduardo Campos para equilibrar a distribuição de renda cada vez mais concentrada no alto empresariado nacional e estrangeiro?
Deixará o salário mínimo nos ridículos patamares atuais, da mesma forma sem preocupar-se com as agruras da classe média sempre comprometida com mais encargos diretos e indiretos?
Reduzirá o esbulho da remessa de lucros das multinacionais para fora do país, impedindo também a evasão de recursos nacionais oriundos da especulação e da corrupção?
Permitirá a farra dos bancos sem redirecionar seus fantásticos lucros para objetivos sociais? Continuará favorecendo as empreiteiras que super-faturam obras realizadas pela metade e ainda exigem estratosféricos reajustes? Ressuscitará o projeto que cria imposto sobre as grandes fortunas?
Distribuirá a terra pelos que dela necessitam, estancando o crescimento das grandes propriedades improdutivas?
Ampliará o crédito para a micro e pequena empresa, limitando o financiamento para os grandes conglomerados que hoje mais se valem dos dinheiros públicos?
Dará aos empregados real participação no lucro das empresas, bem como promoverá a sempre prometida e nunca realizada co-gestão?
Quais suas propostas para estancar a violência urbana e rural? Pretende mudar a lei para evitar benefícios em favor de autores de crimes hediondos? No combate à corrupção, permanecerá tolerante diante do conluio entre corruptos e corruptores, em especial nos mais altos escalões do serviço público e do empresariado?
Respondendo a questões como essas, e muitas mais, tornar-se-á um candidato capaz de avançar etapas em nosso desenvolvimento, sensibilizando o eleitorado e ameaçando o modelo praticado pelos companheiros. Nessa hipótese, poderá realmente fazer mais e melhor. Sem ela, será apenas mais um candidato.
AINDA A REFORMA POLÍTICA
Não é o segundo, mas o vigésimo-oitavo tempo em que a reforma política entrará em campo, no Congresso para defrontar-se com o poderoso time do PIP, no caso, do Partido do Interesse Pessoal. As propostas tem sido amplamente debatidas através do anos, mas a goleada sempre foi uma constante. Todos os deputados e senadores, sem exceção, revelam-se favoráveis à reforma política: redução do número de partidos, votos em listas partidárias nas eleições proporcionais, fim das coligações nessas eleições, financiamento público das campanhas, proibição de doações particulares, extinção dos suplentes de senador,voto distrital, fim das reeleições, ampliação dos mandatos executivos para cinco ou seis anos. E muitas outras emendas à Constituição e às leis. Só que nada se aprova, pela razão simples de que os encarregados da aprovação fogem dela como o diabo da cruz.Seriam prejudicados, no todo ou nas partes da reforma. Como milagres ás vezes acontecem, quem sabe?…
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