Há alguns meses Eduardo Campos vem repetindo seu eventual slogan na campanha presidencial de 2014: ‘É possível fazer mais’. Desde o fim de semana, Dilma Rousseff aparece na TV em comerciais curtos nos quais sapeca que ‘é possível fazer cada vez mais’.

É difícil ser original em política. A estratégia de Eduardo Campos é boa, mas está longe de ser uma novidade. Em março de 2010, ao sair do governo de São Paulo para disputar o Planalto, José Serra terminou seu discurso com um ‘o Brasil pode mais’.

Novidade? Nem tanto. Em 2008, Barack Obama havia usado ‘yes, we can’ (sim, nós podemos). Podemos o quê? Subentendia-se, por óbvio, fazer mais do que estava sendo feito.

Quem teorizou a respeito foi o marqueteiro e analista político Dick Morris. Ele até deu um nome para a estratégia: triangulação. A receita mistura um pouco do governo que está dando certo com uma pitada de ousadia de quem está de fora. A síntese é o modelo para fazer mais.

A fórmula de Dick Morris foi usada pelo ex-presidente dos EUA Bill Clinton. No Reino Unido, Tony Blair virou sinônimo de terceira via. Combinou conquistas dos anos conservadores do thatcherismo com avanços do ‘novo trabalhismo’.

Em 1998, Fernando Henrique Cardoso foi reeleito com o slogan ‘o Brasil não pode voltar atrás. Avança, Brasil’. Ou seja, prometia fazer mais. O PT e Lula em 2010 elegeram Dilma pedindo votos ‘para o Brasil seguir mudando’ [para melhor].

A estratégia do ‘vou fazer mais’ é ecumênica. Serve a quem deseja se reeleger. É útil para a oposição com a missão de tentar destronar um governo bem avaliado num quadro de relativa estabilidade econômica.

No fundo, é também como sintetizou outro dia Ciro Gomes num de seus proverbiais sincerocídios: ‘Está bom mas podemos fazer melhor? Isso é conversa de marqueteiro. O Brasil precisa de debate profundo de ideias’. Mas aí é querer demais. (* Folha de S.Paulo)

 

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