Por Carlos Newton

Já explicamos aqui no Blog da Tribuna da Imprensa que a briga entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (criador) e sua sucessora Dilma Rousseff (criatura) é mesmo para valer e não tem mais volta. Tudo por causa da sucessão em 2014.

Quando Lula plantou o poste Dilma no Planalto, apenas a deixou esquentando a cadeira, para  voltar em 2014. Mas Dilma tomou gosto, ficou entusiasmada com as pesquisas de opinião e agora quer continuar, a qualquer custo.

Já faz tempo que Dilma não governa, apenas se preocupa com a reeleição. Assim, o país segue em voo de piloto automático, e não há mais céu de brigadeiro. Pelo contrário, a previsão é de tempo tempestuoso, porque o PT só pode lançar um candidato. E entre os dois, as preferências são por Lula. Se houver embate na convenção nacional do partido, a presidente Dilma será humilhada.

DILMA ATACA

Na festa dos 10 anos do governo do PT, a pedido de Dilma, Lula disse em seu discurso que ela seria a candidata do PT, mas foi uma citação de passagem, ele não deu a menor ênfase. E depois, em sucessivas declarações, tem afirmado que pode ser o candidato, “se houver necessidade”. Traduzindo: o candidato será Lula, pois quem sabe faz a hora, e o relógio está na algibeira dele.

Desconfiada e insegura, Dilma Rousseff  decidiu colocar em prática uma estratégia perigosa. Resolver desestabilizar Lula usando o maior ponto fraco dele – a companheira de viagens Rosemary Noronha, ex-chefe de Gabinete da Presidência em São Paulo. Mal assessorada, Dilma não mediu as conseqüências desse plano, conduzido diretamente pela ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que usa a Comissão de Ética da Presidência e a Controladoria-Geral da União.

Pela primeira vez desde 1º de janeiro de 2011, quando assumiu, enfim viu-se o governo Dilma Rousseff atacar duramente uma autoridade acusada de corrupção. Por coincidência – mera coincidência, é claro – esse furor punitivo se voltou justamente contra Rosemary, a companheira favorita de Lula, que com ele fez visitas oficiais a 32 países, num intervalo de menos de três anos.

LULA VAI REAGIR

É claro que Lula não absorveu o golpe. Está se sentindo traído, ofendido e desrespeitado. Não quer ver Dilma nem pelas costas. E por isso não compareceu à grande festa do Dia do Trabalho em São Paulo.

Temendo ter o constrangimento de encontrar Lula, Dilma também não foi a São Paulo. E não deu a menor justificativa para a ausência ao principal evento das centrais sindicais e do próprio PT.

Diante do tiroteio, a estratégia de Lula é se fingir de morto, agindo apenas nos bastidores. A ala lulista já deu a primeira resposta, começandoa vazar à imprensa informações sobre as atividades de “consultoria” (leia-se: tráfico de influência) de Erenice Guerra, ligadíssima a Dilma, a quem substitui na Casa Civil em 2011, até ser demitida por corrupção.

Com isso, haverá uma recíproca lavagem de roupa suja, que necessitará de elevadas doses de alvejante político e será salutar ao país.

Na hora certa, é claro, Lula vai contra-atacar diretamente. E será ao estilo do personagem “Bento Carneiro, o vampiro brasileiro”, de Chico Anysio: “A vingança será maligna”.

 

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