Por: Vicente Serejo – Cena Urbana – Jornal de Hoje

São muitas as dúvidas do PMDB? Seriam, se fossem pertinentes. Não nascidas da matreirice a cada dia mais difícil de dissimular. A maior, e a mais flagrante, é o apoio irrestrito ao Governo de Rosalba Ciarlini até 31 de dezembro deste ano, data prorrogável ou não, a depender da recuperação da própria governadora, hoje num plano de desgaste vertical. Do fastio do senador Garibaldi Filho para disputar o governo e do desejo do deputado Henrique Alves de continuar a presidir a Câmara.

Não existe apoio com data marcada a não ser quando quem apóia teme algum obstáculo. No caso, um desgaste intransponível que exija uma candidatura própria que dispõe das três alternativas num partido que é familiar: Garibaldi, Henrique e Walter Alves. Qualquer outra solução levará seus dirigentes a uma improvisação, a menos que o governo se recupere e evite aquele temor comum a todos: a volta de Wilma de Faria ao poder, por mais improvável que possa parecer neste momento.

Para ter um caminho menos difícil, o governo não terá dúvida em simular um afastamento do DEM agripinista; garantir as exigências do PMDB; e, se possível, estimular a candidatura do vice Robinson Faria. Ninguém desconhece que o bloco pemedebista é hoje determinante na formação da força majoritária. A menos que a verdadeira estratégia do deputado Henrique Alves seja sua candidatura dos partidos lulistas PMDB, PT, PSB e PDT, em nome do discurso da união.

Depois, fica a cada dia mais estreito o muro que sustenta essa aliança do PMDB com o DEM no Rio Grande do Norte. A união em favor do Rio Grande do Norte é uma boa retórica, mas pode não resistir ao apelo da união do PT, PMDB, PSB e PDT em torno da candidatura de Dilma Rousseff, dona da fórmula promissora para 2014. Mesmo que a adesão da governadora Rosalba Ciarlini venha mantendo aceso o olhar petista nos ensaios de uma candidatura própria ao governo.

Os petistas sabem que, sozinhos, não garantem a desempenho da campanha dilmista no Rio Grande do Norte. O apoio determinante é do PMDB e, agora, com a presidência da Câmara Federal, sem mais o dever unilateral dos encômios de quando tinha só o Ministério da Previdência. O quadro é outro e rigorosamente equilibrado: o governo, como aliado, oferece um ministério, mas sabe que o PMDB do Rio Grande do Norte põe nessa mesa o inegável privilégio de presidir a Câmara Federal.

Qual a dúvida real e determinante do PMDB? Certamente o tamanho de sua força no melhor critério para administrá-la. Inventar relevância na forma de dúvidas é querer passar da invenção à invencionice, dissimulada e cabreira. O PMDB sabe de todas as suas certezas e disporá de todas na hora que julgar conveniente. Em política, as dúvidas às vezes são apenas pedras de um jogo feito para iniciados. É preciso ter o código de acesso para perceber que essas pedras escondem certezas.

 

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