Até a eleição faltam 16 meses, mas a intensidade do assunto faz parecer que estamos no ano que vem.Até a eleição presidencial, faltam 16 meses. Mas, forçada pelos jornais e por dois aspirantes à disputa, a intensidade do assunto faz parecer que estamos no ano que vem. Não é novidade. É, talvez, apenas exagero da precipitação habitual, entre outras deformações que se tornam exageradas demais no jornalismo de uma política muito medíocre.

Aguentar mais 16 meses desse funk é uma ideia aterradora, se já agora fica difícil suportar as caras diárias de Aécio Neves e Eduardo Campos nos jornais. Ainda bem que, no Brasil, a justiça tarda, mas não chega. O que chega, até sob a forma de sentença, é a vingança. O nosso tédio será vingado.

Eduardo Campos já adotou o sistema senta/levanta. Faz uma aparição e some um período. Não está forçado a isso por discordâncias levantadas contra sua candidatura no seu PSB, as quais não se aplacarão só porque o governador de Pernambuco fique um tanto mais no governo onde deve estar.

 

A investida da exposição pessoal de Eduardo Campos em grande parte do país, com ênfase no Sudeste e no Sul, não lhe rendeu politicamente nada. Além disso, o périplo acentuou a evidência de sua contradição, ao mesmo tempo integrante da “base governista” e pré-candidato de oposição a Dilma. E para isso Eduardo Campos não teve resposta aceitável, frustrada a expectativa de explorar um divórcio que Dilma não quis efetivar.

A pausa para meditação, com aparições que apenas marquem presença, tanto indica que Eduardo Campos deu a partida com antecipação e modo errados, como aponta para a necessidade de trabalho agora redobrado. Inclusive, para tentar a correção do problema que criou no seu partido, com o excesso de personalismo.

A meta inicial de Aécio Neves é a mesma de Eduardo Campos: fazer-se conhecido. Ainda não decorreu tempo suficiente para aferir-se o resultado de seu célere “tour” pelo país. Deu, sim, para uma dúvida e uma constatação. Aécio Neves, tendo iniciado tão cedo sua campanha e com tanta intensidade, será capaz de sustentá-la, com o necessário crescendo, por mais 16 meses? É muito improvável, nem suas características pessoais combinam com tamanha exigência.

A constatação decorre de suas falas. Aécio utiliza-se de referências frequentes a Tancredo Neves, na busca de uma identificação familiar com extensão ao destino político. Tancredo, porém, em todas as circunstâncias de sua vida política, caracterizou-se por só falar quando teve o que dizer. E o pré-candidato Aécio Neves só tem falado o que não precisa dizer, porque vazio de interesse ou banal como crítica.Eduardo Campos leva sobre Aécio Neves, porém, uma vantagem significativa: pode dar as costas a José Serra sem maior risco. (Jânio de Freitas)

 

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