Falácia a alegação de governantes, partidos e políticos em geral de que não estão entendendo direito a razão das manifestações. Sabem muito bem do que se trata. Só estão – como de resto todo mundo – intrigados com o fato de a coisa ter surgido assim, supostamente “do nada”, com adesão impressionante.
Na realidade surgiu e se alastrou em decorrência “do tudo”. Mal explicada mesmo estava a discrepância entre o registro de satisfação nas pesquisas e a insatisfação dos que, no cotidiano, se perguntavam por que não havia reação aos desmandos em série. O que, afinal de contas, estava assim tão bom se o custo de vida sobe e o Estado não faz a sua parte?
O recado está dado, a mensagem perfeitamente captada principalmente quando as manifestações mais contundentes ocorrem depois de prefeitos e governadores anularem aumentos em tarifas de transportes coletivos. Atordoados pelo barulho improvisaram um lenitivo que, como se viu, não satisfez.
Agora, completadas duas semanas desde o início dos protestos, seria hora de começar a pensar em deixar de lado entusiasmos e aturdimentos para abrir espaço à objetividade.
Olhar, primeiramente, com frieza para a violência que emerge em todos os atos, salvo raríssimas exceções. Se o Estado não pode ficar inerte diante de depredações – até porque hoje se agride o patrimônio amanhã podem ser agredidas pessoas -, cabe à polícia distinguir a quem dirige a força e modular sua aplicação.
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