O papa Francisco e os jovens – os hóspedes – saíram-se muito bem. Já o poder público – o hospedeiro – saiu-se muitíssimo mal da Jornada Mundial da Juventude que, durante uma semana, expôs em detalhes as deficiências que marcam uma grande distância entre a fantasia de querer e a capacidade do País de fazer grandes eventos.
Como ficou demonstrado, “imagina na Copa” não é apenas um bordão travesso ou mera abstração do contra. É produto da confrontação diária de que a má qualidade dos serviços prestados aos brasileiros não corresponde à pretensão de ofertá-los em larga escala a multidões de visitantes.
Engarrafamento, falha de planejamento, falta de transporte, filas imensas nos pontos de ônibus sempre insuficientes, caos nas estações do metrô, nada a que os locais não estejam acostumados.
Da mesma forma estamos familiarizados com a desculpa de que “nessa época do ano choveu além do previsto”, apresentada pela prefeitura do Rio ante a impossibilidade de se realizar a vigília de oração e a missa de despedida do papa no lodaçal em que se transformou o campo preparado (?) em Guaratiba, na zona oeste da cidade.
Os moradores dessa e de outras regiões – não só do Rio, aqui uma espécie de maquete dos enguiços existentes Brasil afora – estão habituados a sofrer os efeitos das chuvas tidas por nossas autoridades como ocorrências imprevisíveis. As pessoas morrem, perdem suas casas, ficam desamparadas e é sempre a mesma coisa: culpa da abundância inesperada de São Pedro.
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