Com todo respeito, mas esse Francisco – usando expressão de Hebe Camargo – é uma gracinha. Subiu a escada do avião carregando a malinha, botou cocar de índio na cabeça, mandou a gente botar mais água no feijão, deu risadas gostosíssimas, abraçou amigos com sofreguidão, mandava parar o papamóvel (como é que se escreve isso?) para beijar criancinhas e algumas vezes até desceu do carro para estar mais perto do povo.

Usou carro popular, de preço baixo. (Notaram isso, políticos e altos funcionários do Brasil?). Foi aplaudido, beijado, apertado, se encalacrou no trânsito carioca no primeiro dia, fez brasileiro gostar de argentino, aceitou solidéu novo – mal feito pra burro! – e deu o seu bem feitinho em troca, tomou chimarrão (duas vezes!) de um anônimo, acenou, abençoou, sorriu e no meio do aperto e da agenda lotada disse coisas importantes.

Pediu diálogo. Incentivou os jovens a não ter vergonha do Cristo. A se empacharem de coisas boas e não de drogas. Lembrou a importância da família. Falou contra a corrupção. E mostrou um estilo novo de Papa.

Algumas pessoas fizeram protestos idiotas aparecendo nus na rua e quebrando imagens de Nossa Senhora Aparecida e outras falaram mal dele no Facebook dizendo que o nosso Chico é demagogo, quer se fazer de bonzinho e que se espera que seja melhor que os outros papas.

Melhor em quê, caras pálidas? A doutrina da igreja católica continua a mesma, não mudou em nada. Nem vai mudar. Mudou foi o estilo: esse Papa é moderno, descontraidão, simples, alegrão. Tenho certeza que vai trazer mais simplicidade para a Igreja. Vai aproximá-la mais das gentes. Comentou sobre as incoerências existentes e vai pegar o touro a unha para acabar com elas. Poderá modificar a instituição, torná-la mais simples, menos pomposa, mais próxima dos fieis, mas não modificará a doutrina.

Essa não muda: vai continuar sendo contra o aborto, adepta da família unida, contra casamento de homos. É a doutrina. Uma coisa é a doutrina, outra coisa é o acolhimento e até o amor a quem não a cumpre. Quem não gostar de tudo isso não seja católico, mude, diversifique, vá para a Universal, para o budismo, para o bramanismo, para onde se sentir bem e confortável. Ou não vá para lugar nenhum e brigue com todas as religiões. É um direito elementar.

Agora que ele – o Papa Francisco – é uma gracinha, isso não se discute. Se eu já não fosse católica, agora mudava.

Mas olha, Papa Francisco, não vou te ver outra vez na Piazza San Pietro nem que a vaca tussa. Estive lá no começo do mês, meio dia, 40 graus, suor escorrendo, gente pra caramba – muda a hora da audiência no verão, Chico! Muda! – Muda para as 8 da noite, mais fresquinho, dia ainda claro em Roma. Ao meio dia nunca mais você me pega naquela praça! Mas apareça por aqui outras vezes. Gostamos demais da sua presença. Você vai deixar saudades, gracinha de Papa!

Por Regina Helena Paiva Ramos

 

 

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