É difícil seguir Dilma e apoiá-la

 

Por Murilo Rocha

 

O governo da presidente Dilma Rousseff maltrata seus seguidores, principalmente, aqueles sempre dispostos a defendê-lo nas redes sociais a cada suspiro da petista. Tem sido assim: Dilma aparece na TV e anuncia um plebiscito para decidir sobre a reforma política. Logo depois, seus eleitores e fãs se lançam em uma cruzada para defender a ideia da presidente com uma série de argumentos – alguns plausíveis e outros totalmente mirabolantes.

Quando essas pessoas já se expuseram ao máximo em defesa do governo, criando desafetos e até sendo meio ridículas em alguns casos tamanha a cegueira, a presidente vem e desiste do tal projeto salvador, jogando sua militância num vazio político.

Ontem, o governo federal repetiu a tacada. Depois de anunciar a intenção de estender os cursos de medicina em mais dois anos, com trabalho obrigatório dos estudantes no SUS, e criar uma imensa briga com a categoria, o ministro da Saúde veio a público nessa quarta-feira para falar da mudança de rota do governo. A desistência da ideia original, sustentada durante menos de um mês com fervor como um modelo de sucesso adotado em diversos outros países, deixa novamente a militância no vácuo.

Afinal de contas, qual é o problema? A presidente e sua equipe estão jogando para a torcida? Ou é falta de preparo e afobamento na tentativa de dar uma resposta rápida à população? O perfil firme da presidente está começando a se desmanchar, inclusive, entre os que votaram nela, pois as medidas anunciadas recentemente não resistiram à pressão de políticos e de segmentos da sociedade. A dúvida é se não resistiram porque implicariam em uma briga com o Congresso e com categorias organizadas, a qual o governo avaliou ser muito grande para comprar, ou se caíram por terra porque não se sustentavam.

 “DILMA BOLADA”

 

Até a Dilma Bolada – perfil criado no Facebook por um simpatizante da presidente para promover suas ações de forma bem-humorada – está ficando em apuros. A falta de comunicação no Planalto, ilustrado por um vai e vem de decisões e programas, é uma comédia por si só.

A sorte de Dilma e do PT é a fragilidade permanente da oposição, completamente perdida, sem discurso e sem ação.

Nesse cenário, uma espécie de terra de ninguém, as manifestações é que vão ditando o ritmo e obrigando os governos a se curvarem a antigas reivindicações. Foi assim com o transporte e começa a avançar para outras áreas, como o problema habitacional.

Acuados, prefeitos, governadores e até a presidente tentam empurrar a culpa um para o outro e agem de forma isolada para tentar dar satisfação ao povo. Só assim para entender, no caso do governo federal, tantos desmandos e alterações de percurso em um curto espaço de tempo. (transcrito de O Tempo)

 

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