Via O Estado de S.Paulo

 

A 23 dias de terminar o prazo de filiação para quem quer disputar a eleição de 2014, o Congresso Nacional revive momentos de troca-troca partidário, num verdadeiro “feirão” com ofertas que vão de distribuição de poder ilimitado dentro da futura sigla a repasses de recursos do Fundo Partidário para serem usados livremente nos Estados. Deputados estão sendo disputados nos corredores com ofertas de todo o tipo.

Sentado na última fileira do plenário da Câmara, anteontem, o deputado José Humberto (PHS-MG) foi abordado por três colegas em menos de uma hora – todos com propostas para que deixe seu partido, conforme o Estado presenciou. “Eu não vou ficar mais num partido pequeno”, dizia ele. “O Kassab tem mantido a palavra. Vamos lá bater um papo”, rebateu o deputado Walter Tosta (PSD-MG).

Em 2007, o Supremo Tribunal Federal decidiu que os parlamentares que mudassem de legenda perderiam o mandato. A exceção seria para quem migrasse para um novo partido. Atualmente, nove siglas estão em processo de criação. Se valerem os exagerados cálculos de cada uma, até metade dos deputados pode trocar de legenda.

O PSD inaugurou a “janela” em 2010, “roubando” 54 deputados de outras legendas e hoje é seguido por dois novos partidos: o Solidariedade e o Partido Republicano da Ordem Social (PROS). A lista inclui a Rede Sustentabilidade, de Marina Silva.

 

Controle. O Solidariedade, idealizado pelo deputado Paulinho da Força (PDT-SP), oferece ao filiado com mandato a presidência do partido no Estado. Também garante seu tempo de TV para os governadores que lhe repassarem deputados federais. “É bom demais ter tempo na TV para negociar com governador”, contou o deputado Carlos Mannato (PDT-ES), ao revelar os atrativos que o fizeram decidir ir para o Solidariedade. E a ideologia? “Eu não iria se não tivesse a presidência no Estado.”

O PROS, do ex-vereador de Planaltina de Goiás (GO) Eurípedes Júnior, já negocia apoios antes mesmo de ser criado. Em Minas, por exemplo, a futura sigla diz que pretende apoiar o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel (PT), provável candidato ao governo.

O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que vê seu partido ser “saqueado” pelas novas siglas, opina: “Depois das decisões do TSE e STF no caso do PSD, o Congresso se transformou em um verdadeiro feirão. Muitos deputados viraram mercadoria negociando o tempo de TV e o Fundo Partidário individualmente”.

 

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