Do Zero hora – Rosane de Oliveira

Ao atrair Marina Silva para o PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, criou o fato político mais importante na sucessão presidencial a um ano da eleição. A combinação entre os dois produz uma candidatura capaz de quebrar a polarização entre PT e PSDB. Quem mais perde, neste primeiro momento, é o tucano Aécio Neves, que nas pesquisas já vinha atrás de Marina.

Nada garante que os eleitores dispostos a votar em Marina migrem automaticamente para Eduardo Campos de quem ela aceita ser vice. Marina, convém lembrar, foi a única que cresceu nos protestos de junho. Campos ainda é pouco conhecido, mas só tem a ganhar colado a Marina, principalmente se conseguirem explorar bem a complementariedade. O forte dele é gestão, o dela a defesa do meio ambiente. Marina cresceu fazendo o discurso da ética e do jeito diferente de fazer política, seja lá o que isso signifique. Simplificando se poderia dizer que ele tentará conquistar o eleitor pela razão. Ela, pela emoção.

O PT, que desprezou Marina e fez das tripas coração para inviabilizar a Rede, começando pela tentativa de aprovar uma lei impedindo os novos artigos de terem acesso ao fundo partidário e ao tempo de TV, tem bons motivos para se arrepender.

Sozinha, Marina era frágil. Em um eventual segundo turno entre ela e a presidente Dilma Rousseff, até o presidente da Farsul, Carlos Sperotto, seria capaz de apoiar o PT. Campos tem um discurso que impressiona empresários por onde passa defendendo a meritocracia, a racionalização da máquina pública e o desenvolvimento. E ainda tem uma vantagem sobre o PSDB: por ter sido aliado de Lula e Dilma, pode se beneficiar das políticas que dão certo no governo.

 

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