Por CARLOS CHAGAS

 

Sem dúvidas, cada um à sua maneira, estão se mostrando os candidatos presidenciais às eleições do próximo ano. Aécio Neves e Marina Silva por exemplo, através de artigos semanais na imprensa, entrevistas e pronunciamentos. Eduardo Campos prefere inaugurações em Pernambuco e conversas com empresários, em São Paulo. José Serra opta por visitas a municípios do interior de São Paulo e encontros com parlamentares tucanos, em Brasília. A todos a imprensa escrita dá cobertura, apesar do pouco caso das emissoras de rádio e televisão, mais preocupadas em captar audiência através do noticiário policial.

É bom não esquecer que a presidente Dilma desenvolve sua campanha através de ações de governo, tendo adotado a prática de duas viagens pelo país a cada semana. O Lula continua falando pelos cotovelos, mesmo para dizer que só se candidatará em 2018.

 

Mesmo assim, falta a todos, mesmo à presidente da República, um programa organizado. Um elenco ordenado de conceitos e de propostas capazes de defini-los. Pílulas são espalhadas todos os dias, mas já era hora de os pretendentes a subir a rampa do Planalto ou a ficar lá em cima terem divulgado sua visão do Brasil e de suas necessidades nacionais futuras. Não se trata de esperar tratados sociológicos ou geopolíticos, mas de conhecer de forma sistematizada o roteiro de pensamento e de ação de cada um, para o caso de vitória. Questões fundamentais são tratadas de forma atabalhoada ou não são tratadas. Desnecessário se torna dar grandes exemplos do vazio que cerca os candidatos. Até agora, carecem de ideologia, doutrina ou filosofia na definição de suas políticas.

Mesmo Dilma continua devendo esclarecer que posição ocupa no cenário: neoliberal, estatizante ou misturando quantidades distintas e conflitantes? Qual o socialismo de Eduardo Campos? Marina Silva manteria o ambientalismo separado da necessidade do desenvolvimento? Aécio Neves e a política social serão realidades antagônicas? José Serra exerceria o poder público para conter a ambição dos bancos?

Tardam as definições, ainda que a onze meses da eleição e sem a designação formal de nenhum dos candidatos pelos respectivos partidos. Não se trata de levar o eleitor, desde já, a fazer sua escolha, mas de municiar os diversos grupos, conglomerados e corporações nacionais sobre o conhecimento dos planos de cada candidato para o futuro. É bem verdade que em todas as eleições os candidatos prometem muito, mentem mais ainda e pouco se lembram de suas definições de campanha. Mas seria bom que pelo menos desta vez, já que começaram cedo demais, pudessem ajudar a esclarecer para onde vamos.

 

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