O que vai garantir que a alta recente dos preços seja revertida é juro alto. Em outras palavras, esse foi recado dado pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, ao discursar no V Fórum sobre inclusão financeira, realizado em Forteleza.
Anfitrião do evento, Tombini não se limitou a comemorar a implementação no país de novas modalidades de pagamentos de dívidas e transferência de dinheiro com uso do celular, cartões pré-pagos ou moedeiros eletrônicos.Dos cerca de 20 minutos da sua fala, um pouco menos da metade foi dedicado ao tema crescimento e inflação.
Segundo Tombini, a atuação do BC tem tido como foco fazer os investidores, empresas e consumidores perceberem que a alta dos preços nos últimos 12 meses é “um processo de curta duração”.E quer, com isso, diminuir os danos que a elevação dos índices preços tende a causar na economia, inibindo, por exemplo, investimentos.
Em seguida, o presidente do BC sinalizou que, nesse esforço, os juros deverão continuar subindo.“Nesse sentido progressos tem sido obtidos. Entretanto, para que inflação observada nos últimos 12 meses efetivamente se revele um processo de curta duração, a política monetária deve se manter especialmente vigilante”, disse Tombini.
O recado, agora dado em público, reforça avaliação da cúpula do BC divulgada na ata da última reunião do Copom, que foi interpretada pelo mercado financeiro como um compromisso do BC com nova alta de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, na próxima reunião comitê, prevista para o final deste mês.
A fala do presidente do BC mereceu uma réplica do governo do Ceará, Cid Gomes, convidado especialmente para o evento.O governador pediu que a plateia e os convidados de honra refletissem um pouco sobre o custo da alta de juros e a necessidade de recursos para área social. Nas contas dele, 1,3 ponto percentual de aumento na taxa Selic é equivalente ao gasto com o programa Bolsa Família, estimado em cerca de R$ 19 bilhões por ano.
“Era essa reflexão que gostaria de fazer. Cuidado com a inflação, mas cuidado para o garantidor ortodoxo da estabilidade da moeda não vir a consumir praticamente o dinheiro que poderia ser usado para estabilidade de renda”. (Folha de São Paulo)
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