Por CARLOS CHAGAS
Como para estimular as comemorações ainda meio longínquas do bicentenário da Independência do Brasil, o ex-presidente Lula referiu-se ao objetivo do PT de permanecer no poder até 2022, quer dizer, contou com a reeleição de Dilma, ano que vem, e certamente a sua própria, em 2018. Escorregou. Ou cedeu ao peso dos anos, abrindo mão de disputar a reeleição justamente nas celebrações do bicentenário, quando completaria 76 anos. Seria um direito dele, pela Constituição que nem por milagre será mudada, pois todo mundo pensa no segundo mandato.
Claro, trata-se de elocubrações do primeiro-companheiro, com diversas variáveis. Primeiro, será preciso Dilma vencer em 2014. Assim como saber se a presidente será mesmo candidata ou se, dependendo das pesquisas sempre volúveis, precisará ser substituída pelo antecessor. Depois, apesar de sua indiscutível popularidade, Lula terá que ganhar a eleição em 2018.
Vitoriosas essas hipóteses, fica então a dúvida: por que o ex-presidente abre mão de disputar um segundo mandato, aliás, o quarto, desde sua ascensão ao poder, descontadas as três vezes em que perdeu?
A conclusão que se tira destas precipitadas projeções é de que vivemos no reino da fantasia e das ilusões. A ninguém é dado saber com segurança qual será o dia de amanhã, quanto mais daqui a oito ou doze anos. Quanta coisa pode acontecer, desde a queda do PT ao retorno dos tucanos, do fortalecimento dos ditos socialistas a mudanças no sistema de governo ou no próprio regime?
Mesmo assim, é salutar a verificação da existência de confiança em pelo menos um dos segmentos político-partidários do momento. Se vai dar certo, se ilusão ou fantasia, é outra história. D. Pedro I, quando proclamou a Independência, aos 24 anos, terá imaginado permanecer como Imperador pelo menos até os 80…
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