As dificuldades previsíveis para os ajustes entre a Rede, de Marina Silva, e o PSB, do governador Eduardo Campos, têm duas vertentes com prazos de conciliação distintos, que além de testar a capacidade política de ambos, afetam a aliança informal com o PSDB para a eleição presidencial.

A primeira conciliação, em curso, segue o ritmo natural de sua extensão e complexidade e está definida na síntese da ex-senadora para a aliança com os socialistas: união programática. Trata-se da sistematização dos pontos programáticos das duas legendas para dar coerência à parceria, diante da perspectiva de poder que encerra.

A segunda, igualmente em curso, porém mais urgente, aborda as alianças regionais com efeitos colaterais na parceria maior com os tucanos, cujo desfecho pretende ser a formação de uma frente oposicionista no segundo turno, contra a candidata favorita nas pesquisas, Dilma Rousseff.

 

É nesse cenário que se baseia o compromisso de Aécio, Campos e Marina, ressaltados já pelos três, em momentos distintos. De maneira mais explícita e solene, no anúncio da aliança do PSB e da Rede, em que os dois protagonistas da cena afirmaram que retirariam do propósito comum de encerrar o ciclo do PT no Poder, a determinação para superar as diferenças internas.

O momento de definições no âmbito da aliança da ex-senadora e do governador testa essa fidelidade ao projeto maior de encerrar o ciclo petista, na medida em que Marina estabeleceu sua cota no mapa eleitoral de 2014, fixando como território da Rede/PSB os estados de Rio, Minas, São Paulo e Paraná, como aqueles em que devem ter candidatura própria.

Desses, somente Rio e Paraná não incomodam os interesses tucanos e do PSB. Atender Marina significa para Campos sacrificar a aliança com Aécio e com seus próprios correligionários em São Paulo, o que já é uma briga de bom tamanho. Candidatura própria em Minas pode ser o bode que Marina pôs na sala, para ceder na negociação final. Afinal, ali é o berço eleitoral de Aécio.

O desafio à solidez da meta antipetista está posto para Aécio e Campos, cujo convívio parece, até aqui, orientado pela premissa mais importante que a vitória individual. Ambos precisarão estar empenhados em apaziguar as reações internas, convencendo seus pares da importância de um certo altruísmo político, sem o qual as chances reais de reverter o favoritismo do governo diminuem. (Estadão/João Bosco Rabello)

 

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