Por Renato Andrade
Dilma Rousseff fez ontem em Davos uma espécie de reedição da ‘Carta ao Povo Brasileiro’, lançada por Lula no início da campanha presidencial de 2002. Num cenário de crescimento baixo, inflação alta e falta de confiança nos rumos da política econômica, o discurso ganha especial relevância.
A relação do governo Dilma com os investidores é reconhecidamente difícil e errática. Às vésperas do início da corrida eleitoral, a presidente resolveu deixar de lado as críticas que fez e faz ao empresariado e lançou mão de um discurso focado nas principais questões que inquietam aqueles que já investem ou pretendem investir por aqui.
Nada ficou de fora. Dilma não só reconheceu a importância da parceria com a iniciativa privada como fez questão de mostrar que o ambicioso projeto federal de concessões no setor de infraestrutura só começou a andar depois que seu governo aceitou dialogar com os investidores.
Assim como Lula fez há 12 anos, Dilma defendeu o respeito aos contratos vigentes, o livre comércio, a melhora na gestão dos recursos públicos e o controle da inflação.
Esse último aspecto merece atenção especial. Dilma acumula em seu mandato inflações anuais muito próximas do teto permitido. Ao reafirmar que o controle de preços e o equilíbrio das contas públicas são ‘requisitos essenciais’ para assegurar que a economia brasileira crescerá de maneira estável, a presidente tenta resgatar elemento fundamental nesse processo: a confiança.
Há uma distância considerável entre o que se diz em discurso daquilo que é feito na prática. Mas, ao afirmar com todas as letras, em sua primeira participação no tradicional Fórum Econômico Mundial, que o governo busca ‘com determinação’ trazer a inflação para um patamar mais baixo, Dilma está assumindo um compromisso público fundamental, que será cobrado por todos aqueles que acompanham a economia brasileira.
Poste seu comentário